O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou nesta quinta-feira (30) que a escassez de dólares sofrida pela economia nacional se deve ao fato de o país estar a crescendo “muito”, acusou a oposição de causar desequilíbrios na taxa de câmbio e alegou que “a especulação continua sendo uma das causas da inflação”, problema crônico argentino.
“A Argentina de hoje tem problemas, é claro que tem. Faltam os dólares que são necessários para poder continuar a investir e continuar a gerar produção, e é por isso que cuidamos dos dólares, porque não queremos que os dólares se vão em viagens, queremos que continuem a produzir e a dar emprego”, declarou o presidente durante a inauguração de uma fábrica têxtil na província de La Rioja.
E observou: “Temos um problema com os dólares porque estamos crescendo muito e precisamos de dólares para poder importar insumos. E estamos crescendo tanto que, embora tenhamos exportações recorde, não temos dólares suficientes devido à quantidade de insumos que temos de importar para continuar a produzir”. Neste sentido, Fernández argumentou que o país tem “uma crise de crescimento”.
O preço do dólar americano no mercado informal - ao qual os cidadãos recorrem devido às severas restrições na obtenção de moeda estrangeira no mercado oficial - tem batido recordes há semanas, no contexto da desconfiança dos investidores em relação ao peso argentino constantemente desvalorizado e aos ativos em moeda local.
Tudo isto em meio ao cenário de diminuição das reservas internacionais. O governo, no acordo selado em março com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para refinanciar o empréstimo de US$ 45 bilhões assinado em 2018 com a gestão de Mauricio Macri (2015-2019), se comprometeu a aumentar as suas reservas líquidas em US$ 5,8 bilhões neste ano.
No evento desta quinta-feira, Fernández voltou a atacar a gestão econômica do antecessor: “Viemos depois daqueles que endividaram a Argentina como ninguém”, argumentou.
Sobre a escassez de diesel, combustível muito utilizado no setor agrícola num país que é fundamentalmente agroexportador, Fernández alegou que o resto do mundo também sofre com isso, e criticou o fato de o setor agroindustrial ter anunciado na quarta-feira que realizará um dia de protesto em 13 de julho.