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Argentina

Fernández diz que espera que não aconteça a procurador que denunciou Kirchner “o que aconteceu com Nisman”

Presidente enfrenta onda de críticas por traçar paralelos entre os procuradores Diego Luciano e Alberto Nisman, que foi encontrado morto em 2015 (Foto: EFE/Mauricio Dueñas Castañeda)

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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, está sendo alvo de uma onda de críticas após ter feito um paralelo entre o procurador que denunciou a vice Cristina Kirchner e outro membro do Ministério Público federal, Alberto Nisman, encontrado morto em 2015.

Na quarta-feira (24), Fernández criticou o procurador federal Diego Luciani, que pediu uma sentença de 12 anos de prisão e inabilitação perpétua para cargos públicos de Cristina, no âmbito de um julgamento por supostas irregularidades na adjudicação de obras públicas quando era presidente (2007-2015).

Durante sua participação em um programa de televisão, o presidente argentino comparou a situação de Luciani com a de Nisman, que foi encontrado morto com um tiro na cabeça em 2015, horas antes de apresentar uma denúncia no Congresso contra Cristina, então chefe de Estado.

“Realmente, encorajar a ideia de que possa acontecer com o procurador Luciani o que aconteceu com Nisman... Vejam, o que aconteceu com o procurador Nisman é que ele se suicidou, até aqui nada mais foi comprovado, espero que não... que não faça algo assim o procurador Luciani”, disse Fernández.

Em nota divulgada ainda na quarta-feira, a Associação de Procuradores e Funcionários do Ministério Público da Nação criticou a declaração do presidente.

“Do exposto, não se infere apenas que ele [Fernández] tem um profundo desconhecimento do caso em que está sendo investigado o assassinato do procurador-geral Alberto Natalio Nisman; mas também, ao traçar um paralelismo entre o referido e o procurador-geral Dr. Diego Luciani, as suas declarações têm um conteúdo desagradável e imprudente para um funcionário que apenas fez o seu trabalho”, destacou o comunicado.

Nesta quinta-feira (25), o próprio Luciani respondeu a Fernández. “A grave sujeição das instituições por um presidente da nação ou pelo ministro da Segurança [o titular da pasta, Aníbal Fernández, também criticou o Ministério Público], que deveria ser o primeiro a praticar os valores republicanos, é preocupante. Não devem esquecer que representam todos os cidadãos”, afirmou, em declaração enviada ao jornal Clarín.

Luciani disse ainda que o que mais interessa aos procuradores é “o correto funcionamento das instituições e sua proteção” e que ataques como os proferidos pelo Executivo “não beneficiam ninguém”.

Também nesta quinta-feira, o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) acusou o atual mandatário de “violar” a Constituição.

“Essa destruição da palavra presidencial foi muito prejudicial, além de atribuir a si mesmo poderes legais que não tem e violar sistematicamente a Constituição, como fez mais uma vez ontem à noite”, afirmou Macri, uma das principais figuras da coalizão opositora Juntos pela Mudança, durante um colóquio na Bolsa de Valores de Córdoba.

“Estamos diante de um governo sem presidente, sem plano, sem direção, com muita inépcia, muita improvisação (...). Está colapsando uma forma obscura de fazer política, insensata, ditatorial, com ideias anacrônicas”, completou o ex-chefe de Estado.

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