De olho nas eleições legislativas de 14 de novembro, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, vem anunciando uma série de medidas econômicas com o objetivo de reverter a derrota que sofreu nas prévias este mês.
As ações incluem um programa para reduzir a informalidade entre as empregadas domésticas, por meio do qual o governo argentino vai subsidiar por seis meses de 30% a 50% dos salários; o aumento do salário mínimo pela segunda vez no ano, num reajuste progressivo até fevereiro de 2022, chegando a 52,7%; e eliminação dos direitos de exportação sobre os serviços, de forma a criar empregos no setor, o segundo maior em vendas ao exterior na Argentina.
Outras medidas implementadas pelo governo Fernández serão um plano de aposentadoria antecipada para as pessoas que têm os 30 anos de contribuição exigidos por lei, estão a cinco anos ou menos de atingir os limites de idade e estavam desempregadas a partir de 30 de junho de 2021; elevação do piso do imposto de renda; retorno da ajuda às famílias oferecida no início da pandemia de Covid-19; e manutenção dos subsídios à eletricidade e ao gás.
A política econômica é um tema central na crise política que se instalou no governo Fernández após a derrota da coalizão Frente de Todos nas eleições primárias de 12 de setembro, quando as listas de pré-candidatos a deputados apresentadas pela chapa governista foram derrotadas em 18 das 24 províncias argentinas. As de senadores somente foram as mais votadas em duas das oito províncias que elegerão representantes no Senado.
Vários ministros aliados da vice-presidente Cristina Kirchner pediram demissão em seguida, enquanto a própria vice escreveu uma carta a Fernández culpando-o publicamente pelo que considerou equívocos na política econômica.
A primeira iniciativa para contornar a crise política foi a nomeação de cinco novos ministros, atendendo às exigências de Kirchner de renovação na equipe. Porém, o ministro da Economia, Martín Guzmán, e o ministro da Produção, Matías Kulfas, permaneceram nos seus cargos.
A dúvida é saber o impacto nas finanças públicas das medidas econômicas que vêm sendo anunciadas por Fernández. A Argentina negocia uma dívida de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), contraída no governo de Mauricio Macri. O país teve no primeiro quadrimestre um déficit fiscal primário de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), melhor resultado em seis anos, mas antes mesmo da derrota nas primárias legislativas o grupo de Kirchner já vinha pedindo mais gastos públicos.
Analistas consideram que as ações econômicas agora anunciadas podem não ter efeito nas urnas. “Há muitas medidas que estão sendo anunciadas que provavelmente não vão se refletir no bolso em 40 dias. No ano passado, algumas pessoas demoraram quatro meses para retirar o IFE (Ingresso Familiar de Emergência, ajuda econômica devido à pandemia)”, afirmou Mariel Fornoni, diretora da consultoria Management & Fit, ao jornal La Nación.
“Além disso, as pessoas perderam a confiança de que o governo pode administrar a economia. Cerca de 70% dizem que não está fazendo isso bem. Portanto, elas vão pegar o dinheiro, mas não necessariamente darão um voto de confiança, principalmente depois do colapso da coalizão do governo este mês”, acrescentou.
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