Fernández (na foto, com o uruguaio Luis Lacalle Pou) disse que seu governo “não mistura política e futebol”; presidente da Argentina tem relações complicadas com o mandatário da AFA| Foto: EFE/Federico Gutiérrez
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse nesta quarta-feira (21) entender a decisão da seleção do país de não visitar a Casa Rosada (sede do governo) durante as comemorações da véspera nas ruas de Buenos Aires.

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“Hoje li em um jornal que Alberto Fernández é o único presidente que não recebeu um time campeão mundial de futebol, e talvez tenha a ver com a decisão que tomei de não misturar política e futebol”, disse Fernández em uma entrevista à emissora Radio con Vos.

“Sempre haverá tempo para conversar com Messi e Scaloni, agora o tempo é deles. Acho que temos que parar de pensar tanto em nós mesmos; a seleção nacional não é minha, não é da Frente de Todos [coalizão governista], nem da oposição, ela pertence a todos”, acrescentou.

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A caravana que transportava a seleção argentina deixou pouco antes das 11h30 de terça-feira o complexo esportivo da Associação do Futebol Argentino (AFA) em Ezeiza, na província de Buenos Aires, para ser recebida por uma multidão de torcedores.

Cinco horas depois, os jogadores deixaram o ônibus conversível e culminaram suas comemorações com uma “volta olímpica” de helicóptero, sem visitar o cruzamento da rodovia 25 de Maio com a Avenida 9 de Julio, que seria o ponto final da comemoração com o público, ou ir à Casa Rosada, onde o governo montou um palco para receber a seleção.

Os jogadores alegaram “cansaço” e “dificuldade em chegar”, segundo Fernández, que repetidamente alegou ter “respeito” por esta decisão.

“Não me importo de não recebê-los se eles estiverem cansados e quiserem fazer outra coisa. Não estou ofendido”, afirmou o presidente argentino, esclarecendo que ele não tinha falado com ninguém da seleção a não ser o meia Papu Gómez, que lhe enviou uma “mensagem de amor” no Instagram.

Em relação às celebrações de terça-feira em Buenos Aires, onde mais de 4 milhões de torcedores foram às ruas para receber os jogadores, o presidente disse que era “uma festa popular” que a Argentina nunca havia visto antes, sem “excessos” ou “abusos”.

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“Foi muito positivo, porque tudo foi feito num clima de grande tranquilidade, harmonia e paz. Comemorei e gostei de ver as pessoas se divertirem, que é o que eu queria, depois de um tempo tão difícil”, declarou Fernández. Porém, houve feridos e prisões durante a festa.

Apesar do discurso de paz do presidente argentino, ele tem relações complicadas com o presidente da AFA, Claudio Tapia. No ano passado, a Inspetoria-Geral de Justiça (IGJ), ligada ao Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, abriu uma investigação após denúncias que apontavam irregularidades na assembleia de 2020 em que o mandato do cartola foi prorrogado até 2025.

Além disso, Fernández tem relações com outros dirigentes de futebol que Tapia considera interessados em ocupar seu cargo.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]