Nossos antigos ancestrais fabricaram ferramentas de pedra, uma conquista revolucionária para o progresso humano, muito mais cedo do que se imaginava e muito antes do surgimento do primeiro membro conhecido do gênero humano Homo.
Cientistas anunciaram nesta quarta-feira (20) a descoberta de ferramentas de pedra de 3,3 milhões de anos em terras desérticas próximas do lago Turkana, no noroeste do Quênia, incluindo lascas afiadas que podem ter sido usadas para cortar carne de carcaças de animais e martelos rudimentares talvez empregados para abrir castanhas ou tubérculos.
Elas são 700 mil anos mais antigas do que quaisquer outras ferramentas de pedra já descobertas, e precedem em 500 mil anos os fósseis mais remotos do gênero Homo, o que significa que provavelmente foram criadas por uma espécie mais primitiva da árvore genealógica humana.
“A transição do uso exclusivo de ferramentas orgânicas naturais, como os chimpanzés fazem, para a criação intencional de uma ferramenta específica de pedra representa um avanço na capacidade cognitiva de nossos ancestrais”, explicou a arqueóloga Sonia Harmand, do Instituto Turkana Basin da Universidade Stony Brook, de Nova York.
Nossa espécie, Homo sapiens, surgiu aproximadamente 200 mil anos atrás. Os membros mais antigos do gênero Homo que se conhece datam de 2,8 milhões de anos. Uma variedade de ancestrais humanos mais assemelhados aos símios os precederam.
Há muito tempo se presumia que a fabricação de ferramentas de pedra era um triunfo do nosso gênero. A recente descoberta insinua que foram ancestrais humanos mais antigos que deram o salto cognitivo necessário para conceber tais implementos.
Jason Lewis, paleoantropólogo do Instituto Turkana Basin, disse que ainda não está claro quem fabricou as ferramentas. Ele listou três possibilidades: o Kenyanthropus platyops e o Australopithecus afarensis, espécies que misturam traços semelhantes aos dos símios e aos dos humanos, e um membro primitivo ainda não descoberto do Homo.