O ex-presidente cubano Fidel Castro aplaudiu a reforma de saúde impulsionada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apesar das recentes críticas de Washington sobre a situação dos direitos humanos na ilha comunista.
Em um artigo publicado na quarta-feira no site oficial Cubadebate na Internet, e divulgado nesta quinta-feira na imprensa estatal, Fidel disse que Obama continua sendo um "fanático" que acredita no sistema imperialista e pediu a ele que resolva o problema dos 12 milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos.
"Consideramos que a reforma de saúde constituiu uma importante batalha e um êxito de seu governo", disse Fidel, de 83 anos, e que desde julho de 2006 não aparece em público depois de uma doença que o obrigou a passar o poder a seu irmão Raúl. Em fevereiro de 2008, foi substituído oficialmente na Presidência por Raúl Castro.
Obama, que assinou na terça-feira a histórica lei de reforma no sistema de saúde de seu país, expressou em um comunicado na quarta-feira sua preocupação com os acontecimentos recentes ocorridos na ilha relativos aos direitos humanos, descrevendo-os como "profundamente perturbadores".
As Damas de Branco, um grupo opositor de mulheres, marcharam pelas ruas de Havana na semana passada para lembrar o sétimo aniversário da "Primavera Negra" em março de 2003, quando 75 dissidentes foram condenados a entre 6 e 28 anos de prisão, acusados pelo governo de servir a uma potência estrangeira.
Obama citou o falecimento no final de fevereiro do dissidente preso Orlando Tamoyo depois de 85 dias de greve de fome, e criticou o que chamou de "intensificação da hostilidade" contra opositores em Cuba, cujo governo considera "mercenários" a serviço de seu inimigo, os Estados Unidos.
O presidente norte-americano prometeu "retomar" as relações com Cuba, mas sustenta que não levantará o embargo econômico de quase meio século imposto a Havana enquanto não forem libertados os prisioneiros políticos na ilha.
"Como pessoa incontestavelmente inteligente e suficientemente bem informada, Obama conhece que não há exageros em minhas palavras. Espero que as besteiras que as vezes expressa sobre Cuba não ofusquem sua inteligência", disse em suas mais recentes "reflexões".
O líder da revolução cubana acrescentou que apesar do embargo e a extensa lista de contradições entre Cuba e a "política egoísta do colossal império (...) não guardamos nenhuma animosidade contra Obama e muito menos contra o povo dos Estados Unidos."
O primeiro secretário do governante Partido Comunista, cargo que ainda mantém, se mantém ativo escrevendo colunas de opinião na imprensa estatal.