O presidente cubano, Fidel Castro, voltou nesta sexta-feira a atacar os Estados Unidos, acusando-os de seguir utilizando a base naval de Guantánamo em ações contra a ilha. Nas duas últimas partes do artigo intitulado "O império e a ilha independente", publicado pelos diários "Granma" e "Juventud Rebelde" desde a última segunda-feira, o líder pede a retirada desta instalação americana e a devolução do espaço ocupado ao governo de Havana. Além disso, assegura que "a espera" de seu país por "mudanças" nas políticas americanas será conduzida "em alarme de combate".
Os EUA pagam um aluguel mensal de US$ 4.085 pela base naval, mas em quase meio século de governo socialista Cuba só descontou um cheque, e foi por engano, disse no texto o convalescente líder cubano. O 'Granma', diário do Partido Comunista, publicou nesta sexta-feira o último capítulo do texto intitulado "O Império e a ilha independente", escrito por Fidel para ilustrar às "novas gerações" o que descreveu como 140 anos de tentativas norte-americanas de se apropriar de Cuba.
"Desde 1960 até hoje, [os cheques] jamais foram cobrados e ficam como constância de um arrendamento imposto por mais de 107 anos", escreveu.
O único cheque descontado, segundo ele, foi em 1959, devido a uma "simples confusão".
Fidel completou 81 anos na segunda-feira e não aparece em público há um ano, desde que adoeceu e transferiu temporariamente o poder a seu irmão Raúl, pela primeira vez desde a revolução de 1959. Nos últimos meses, o veterano comunista costuma escrever artigos no Granma.
A base de Guantánamo, uma área de 117 quilômetros quadrados no sudeste da ilha, está alugada para os EUA desde 1903. Fidel considera o território "ilegalmente usurpado". O arrendamento foi fixado com base no valor do dólar-ouro e reajustado em pelo menos duas ocasiões.
Os cheques norte-americanos, disse Fidel no ensaio, são emitidos em nome do "Tesoureiro Geral da República", cargo que, lembrou ele, nem existe mais.
"Imagino, conservadoramente, que é dez vezes menos que o que gasta o governo dos Estados Unidos no salário de um professor a cada ano", escreveu.
Fidel conclui o texto dizendo que a base de Guantánamo não é estrategicamente necessária.
"A base é necessária para humilhar e fazer as coisas sujas que ali têm lugar", afirmou, referindo-se à presença, desde 2001, de cerca de 380 suspeitos de terrorismo capturados no Afeganistão e no Iraque. Grupos de direitos humanos dizem que os presos são submetidos a torturas e condições degradantes.
"Se for preciso esperar que caia o sistema [norte-americano], esperaremos", disse Fidel. "A espera de Cuba sempre será em alarme de combate."
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