Seis meses depois da cirurgia que o afastou do poder, o líder cubano, Fidel Castro, é consultado sobre questões importantes, mas não ``interfere'' no dia-a-dia do governo, segundo seu irmão, Raúl, que é o presidente interino do país.

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O dirigente de 80 anos não aparece publicamente desde julho. Em um vídeo divulgado na semana passada, ele parece ter recuperado peso, mas permanece com aspecto frágil.

``Ele melhora a cada dia. Está fazendo bastante exercício. Tem um telefone ao seu lado e o usa muito'', disse Raúl, 75 anos, a jornalistas na noite de quinta-feira.

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``Ele é consultado a respeito das questões mais importantes. Não interfere em nada, mas está atualizado sobre tudo'', afirmou o presidente interino na abertura de uma feira literária.

Observadores dizem que essa presença de Fidel nos bastidores ajuda a sucessão em curso e as tentativas de recuperar a precária economia da ilha.

``Felizmente, ele nunca me liga'', brincou Raúl, parecendo à vontade no terno cinza que usava no lugar da habitual farda. ''Ele liga para o (vice-presidente Ricardo) Lage ou o Felipe (Pérez Roque, chanceler).''

Diplomatas estrangeiros em Havana dizem ter ouvido de Pérez Roque que Fidel chega a telefonar para seu chanceler até 15 vezes por dia.

O estado de saúde de Fidel é tratado como segredo de Estado, mas a versão mais consistente é de que ele sofre de diverticulite (uma inflamação intestinal). A maioria dos analistas acha que ele nunca mais terá condições de voltar ao poder.

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``(Ter Fidel nos bastidores) é um cenário muito melhor do que simplesmente ele cair morto de repente e deixar todo mundo se perguntando o que vai acontecer'', disse Wayne Smith, ex-chefe da missão diplomática norte-americana em Havana.

``A sucessão já ocorreu. Os cubanos se acostumaram à sua ausência, e quando ele se for será menos chocante'', afirmou.

Raúl, supostamente mais aberto a reformas econômicas que seu irmão, vem dando grande ênfase aos problemas de alimentação, habitação e transporte da ilha.

``A figura de Castro à sombra pode bem permitir que Raúl e companhia dêem alguns beliscões pelas bordas na eficiência econômica e institucional'', disse Julia Sweig, especialista em Cuba na entidade Conselho de Relações Exteriores, de Washington.

Mas ela acha difícil conceber que Fidel dê sua bênção a uma economia mais liberalizada enquanto estiver vivo. ``A noção de que Fidel não está interferindo em nada é um paradoxo'', afirmou.

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