Documentos secretos revelados na terça-feira pela CIA, a agência de inteligência norte-americana, revelaram que o líder cubano Fidel Castro e os soviéticos mantiveram divergências sobre a implantação de uma revolução comunista no Brasil no início dos anos 1960.
O capítulo que trata do assunto chama-se "A Batalha Sino-Soviética em Cuba e o Movimento Comunista Latino Americano" e está disponível no site da agência na Internet.
O documento, datado de 1963, aponta um discurso de Fidel no aniversário da Revolução Cubana em 1961, no qual teria dito que as condições estariam dadas para implantar processos de guerrilha na região, principalmente no Brasil e na Venezuela.
No Brasil, isso fica evidente, diz o documento, quando Fidel conclama os brasileiros a recorrer à guerrilha para lutar contra "militares reacionários" que haviam provocado a renúncia do então presidente Jânio Quadros, em agosto do mesmo ano.
Mas os documentos da CIA também relatam a desconfiança soviética em relação às pretensões e métodos de Fidel.
"A atitude demonstrada pela União Soviética e sua aderência durante a primavera, verão e o começo do outono de 1961 aos chamados de Castro para construir o socialismo (na região) mostra uma renovada falta de confiança nele como alguém incontrolável e imprevisível", aponta o documento.
O texto também revela que os soviéticos temiam que uma entrada "repentina e dramática" do comunismo, como a defendida por Fidel, pudesse assustar camadas pequenas e médias da "burguesia" a se juntar ao Partido Comunista Brasileiro.
A CIA aponta, inclusive, que uma certa moderação de Fidel em relação ao país e à região a partir de 1963 poderia ter se dado por meio da interferência do então secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro, Luís Carlos Prestes.
"Embora a principal preocupação de Prestes fosse assegurar um acordo com os cubanos para que parassem de apoiar dissidentes comunistas rivais no Brasil, também é possível que ele tenha pedido, em nome de Moscou, alguma moderação para a postura pública cubana em geral na América Latina", diz o documento.
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