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Como sempre acontece com os rumores sobre a saúde de Fidel Castro, até mesmo o anúncio do líder cubano comunicando a passagem de poder para seu irmão a fim de realizar uma cirurgia viu-se cercado por incertezas.

Seria esse o começo do fim ou uma mera interrupção temporária no governo de 47 anos de Fidel?

O dirigente cubano, que completa 80 anos em 13 de agosto, não leu ele mesmo um comunicado lúgubre na TV pública da ilha informando sobre a entrega do governo a seu irmão em virtude de "uma grave crise intestinal acompanhada de sangramento constante".

E o fato de Fidel não ter aparecido para ler o comunicado pessoalmente alimentou a máquina de boatos.

- Ainda é cedo demais para prever o que vai acontecer - disse na segunda-feira a exilada anticastrista Ileana Ros-Lehtinen, uma congressista do Partido Republicano dos EUA. - Qual a condição de saúde de Fidel, por quantos dias Raúl Castro, que é um assassino como o irmão, vai ficar a cargo do governo? - perguntou a congressista.

As notícias provocaram celebrações espontâneas nas ruas de Little Havana, um bairro de Miami onde mora grande parte dos exilados cubanos cujo maior sonho é ver Fidel derrotado por uma doença grave ou pela morte.

Mas mesmo Ernesto Diaz Rodriguez, líder de um grupo paramilitar cubano-americano conhecido com o Alpha 66, e que participa há muito tempo dos esforços para depor o atual dirigente da ilha comunista, afirmou não haver nada de concreto a respeito do futuro de "El Comandante".

- Fidel Castro vai morrer, mas não sabemos se isso acontecerá agora ou em um futuro não muito distante - disse à Reuters.

Dúvidas sobre a gravidade do problema de saúde enfrentado por Fidel apareceram em comunicados oficiais vindos de Washington, nos quais as autoridades negaram-se a fazer especulações sobre a condição do dirigente.

John Kirk, professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, em Halifax, afirmou que o tom lúgubre do anúncio oficial feito em Cuba, a idade de Fidel e a promessa de que "o imperialismo nunca conseguirá esmagar Cuba", constante da declaração, "sugerem que o estado de saúde dele é grave".

Por outro lado, a morte do dirigente já foi noticiada outras vezes, especialmente em Miami, os dois pais de Fidel viveram vários anos e ele é conhecido por ter uma excelente condição física.

- Minha melhor conjectura é a seguinte: esse é o preço pago por um homem de 79 anos que trabalha ininterruptamente, que acaba de regressar de uma exaustiva viagem à Argentina, onde participou da cúpula do Mercosul, após a qual realizou um discurso de duas horas, no dia 26 de julho, e cujo corpo começa a dar sinais de alerta para que diminua o ritmo - disse Kirk, em um email enviado à Reuters.

Em entrevista concedida à Reuters na semana passada, Ros-Lehtinen havia previsto alguns dos problemas que surgiriam em Miami se Fidel morresse repentinamente ou se ficasse gravemente doente.

- Será difícil para nós conseguirmos informações rapidamente - disse então a congressista. - Ele gosta de brincar de esconde-esconde. Ele pode ficar desaparecido por cerca de oito dias, mais ou menos, e então reaparecer - afirmou.

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