Aos 84 anos, Fidel vai se aposentar| Foto: Cuba Debate/AFP

Havana - O ex-presidente cubano Fidel Castro disse que delegou suas atribuições como chefe do Partido Comunista, informou a mídia oficial ontem, sugerindo que ele poderá renunciar a seu último posto de liderança. Fidel, de 84 anos, renunciou em 2008 à Pre­­sidência do país por razões de saúde, mas manteve o influente cargo de primeiro-secretário do Par­­tido Comunista, o único legalizado na ilha.

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Mas, na quarta-feira, durante um encontro com estudantes, esclareceu que não se encontrava ali na qualidade de dirigente partidário. "Fiquei doente e fiz o que devia fazer: deleguei minhas atribuições. Não posso fazer algo que não estou em condições de me dedicar todo o tempo".

Nenhuma autoridade cubana se manifestou sobre a notícia. Uma fonte oficial se limitou a di­­zer, sob anonimato, que Fidel "não está trabalhando como primeiro-secretário."

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Fidel se afastou do poder inicialmente em julho de 2006, quando transferiu provisoriamente o comando partidário a seu irmão mais novo, Raúl. O general de 79 anos foi efetivado na Presidência do país em 2008, mas em atos oficiais continua sendo apresentado como segundo-secretário do PC. Fidel poderia manter nominalmente seu cargo até o congresso partidário de abril de 2011, no qual serão aprovadas importantes reformas econômicas.

Distanciamento gradual

Nos últimos anos, Fidel se dedica a escrever artigos a respeito de assuntos internacionais, como o desarmamento nuclear e o desafio da mudança climática.

Sobre os assuntos in­­ternos de Cuba, não se manifesta. Mas, no encontro desta semana com os estudantes, insinuou que apoia as medidas econômicas de Raúl.

"Fidel reconhece que está contente porque o país está caminhando, apesar de todos os desafios", disse o Granma. O economista independente Oscar Espinosa Chepe acha, no entanto, que Fidel não participa da preparação das reformas, e que "está preparando sua despedida."

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Fidel chegou ao poder com a revolução de 1959 e governou Cuba durante quase meio século, sempre em antagonismo com os Estados Unidos, o que fez dele uma lenda para a esquerda mundial. Em atos públicos, ele é apresentado como "líder da revolução".