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Filha de pai republicano e mãe democrata, Hillary cresceu em meio a discussões políticas

Hillary teve contato com “problemas sociais do mundo” pelas mãos de um pastor. | Brendan Smialowski/AFP
Hillary teve contato com “problemas sociais do mundo” pelas mãos de um pastor. (Foto: Brendan Smialowski/AFP)

A casa de tijolos de dois andares onde Hillary Clinton cresceu permanece de pé em uma esquina do subúrbio Park Ridge, em Chicago. Nas proximidades, uma placa informa sobre a “Rodham Corner” (Esquina Rodham) – um reconhecimento histórico desta região situada perto do aeroporto O’Hare da cidade. Foi um lugar que impactou e moldou uma jovem Hillary Rodham – antes que ela partisse para a faculdade, se casasse com Bill Clinton e se tornasse a candidata presidencial do Partido Democrata em 2016.

“Minha infância na década de 1950 e a política dos anos 1960 despertaram meu senso de obrigação para com meu país e meu compromisso com o serviço público”, escreveu Hillary em seu livro de memórias de 2003, Vivendo a História. Durante o período posterior à Segunda Guerra Mundial, Park Ridge – um subúrbio majoritariamente branco, republicano e conservador -–era o centro de seu mundo. “Meus pais se sentiam confortáveis em Park Ridge entre todos os outros veteranos que escolheram aquele local por suas excelentes escolas públicas, parques, ruas arborizadas, calçadas amplas e residências confortáveis”, escreveu a candidata.

Pai republicano, mãe democrata

Quando criança, Hillary foi exposta tanto às crenças republicanas tradicionais quanto aos pontos de vista diferentes que chegavam de fora – especialmente o movimento pelos direitos civis.

“Minha lembrança favorita é caminhar para casa da escola com Hillary, e as muitas oportunidades que tivemos de conversar”, afirmou Ernest Ricketts, que estudou do jardim de infância ao ensino médio com a ex-secretária de Estado. “Ela sempre estava muito interessada nos eventos atuais. Era interessada em história”, afirma.

Os opositores de Hillary muitas vezes criticam sua consistência nos assuntos, afirmando que ela é uma “camaleoa” que muda suas crenças se baseando nos ventos políticos. Mas sua infância em Park Ridge oferece uma pista para a visão de mundo de Hillary, que evoluiu através de discussões e debates com aqueles de ambos os lados do espectro ideológico.

O pai de Hillary, Hugh Rodham, era um republicano firme. Proprietário de um negócio de cortinas e filho de uma família da classe trabalhadora, ele acreditava em responsabilidade individual e trabalho duro. A mãe, Dorothy Rodham, era democrata. Abandonada por seus pais quando era criança e forçada a começar a trabalhar aos 14 anos, Dorothy instigou em sua filha empatia por pessoas envolvidas em circunstâncias fora de seu controle.

Na mesa de jantar, os pais de Hillary discutiam todas essas questões, e sua jovem filha muitas vezes permanecia politicamente no centro. “Cresci entre o impulso e o puxão dos valores dos meus pais, e minhas próprias convicções políticas refletem ambos”, escreveu Hillary em suas memórias.

Ela admirava o senso de “individualismo robusto” de seu pai, declarou ao jornal The Washington Post em 2007, durante sua primeira corrida pela presidência – uma batalha que perdeu para Barack Obama dentro do Partido Democrata. “Mas isso não me explicou o suficiente sobre o mundo, ou sobre o mundo como eu gostaria que fosse”, disse.

A mãe de Hillary era uma leitora voraz e encorajou a mesma curiosidade intelectual em sua filha. “A mãe de Hillary foi uma grande influência”, declarou uma amiga de infância da candidata, Judy Osgood. “Sua mãe estava sempre lá e se interessava no que estávamos fazendo”, afirmou.

Os pais de Hillary incentivaram sua filha a pensar além do caminho estreito que se esperava que as mulheres jovens de seu tempo seguissem. Ela foi encorajada a buscar seus interesses intelectuais, assim como a praticar esportes – uma atividade dominada pelos meninos.

O passado difícil de sua mãe inspirou o trabalho de Hillary como política. “Aprender sobre a infância da minha mãe despertou minha forte convicção de que toda criança merece uma chance de viver de acordo com seu potencial dado por Deus”, disse Hillary em suas memórias.

A influência do pastor

Outra grande influência foi seu pastor da infância, Don Jones, que expôs Hillary às questões sociais da época, levando-a, junto com o grupo de jovens da igreja, em 1962 para ouvir o líder dos direitos civis Martin Luther King Jr. em Chicago. “Ele nos deu uma visão de mundo que não tínhamos antes”, disse Ricketts sobre os esforços de Jones para expor as crianças da classe média de Park Ridge aos problemas do mundo.

Hillary permaneceu em contato com Jones até sua morte, em 2009, e o considerava uma grande influência. Ela ainda mantém contato com vários de seus amigos de infância de Park Ridge.

Imagem abalada

“Ela [Hillary] é a mesma pessoa, especialmente com todos os seus amigos de ensino médio”, disse Mike Andrews, que frequentou a Maine South High School com a candidata democrata.

No entanto, o impacto de décadas sob os olhos do público e as diversas controvérsias que a cercam – incluindo o renovado interesse do FBI em seu uso de um servidor privado de e-mails enquanto era secretária de Estado – abalaram sua imagem, mesmo na cidade onde cresceu.

No início deste ano, em sua primeira visita a Park Ridge em mais de uma década, Hillary atraiu centenas de simpatizantes, mas também alguns manifestantes. “Tradicionalmente, esta foi uma cidade republicana, e há pessoas aqui que são republicanos duros”, disse Teresa Nuccio, moradora de longa data da região ao jornal Chicago Tribune na época. “Ser de Park Ridge não significa necessariamente que todos irão apoiá-lo”, ressaltou.

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