Ela já passou e passa por situações de preconceito, principalmente depois dos ataques do 11 de Setembro. Filha de palestinos que viram nos Estados Unidos uma oportunidade para ter uma vida melhor do que em um vilarejo na Cisjordânia, Rashida Tlaib se tornou a primeira mulher muçulmana a ser eleita para a Câmara dos Representantes por Michigan, segundo a Aliança Americana Muçulmana.
Democrata e fã confessa de Barack Obama, Rashida revela quais são seus planos e mostra que não é radical ao comentar o delicado confronto entre israelenses e integrantes do Hamas na Faixa de Gaza.
Em nenhum momento na entrevista ao G1 por e-mail ela comentou se Israel ou o grupo extremista é o culpado pelos atos de violência. Preferiu olhar para o futuro e foi direto ao ponto.
"A paz só será possível quando israelenses e palestinos providenciarem itens básicos mínimos, acesso à qualidade de vida, a qualidade na saúde, oportunidades de emprego e assistência educacional e alimentação", afirma.
"Somente uma aproximação compreensiva baseada em igualdade dará fim ao sofrimento na região", completa ela, que tem familiares no vilarejo de Beit Ur El Foka, perto de Ramallah, na Cisjordânia.
Aos 32 anos, casada e mãe de Adam, de 2 anos, Rashida se mostra amadurecida para o novo cargo. Filha mais velha de 14 irmãos, ela foi a primeira a se ser alfabetizada em inglês na família e foi a responsável em ser a tradutora oficial dos pais, que desembarcaram nos EUA no início dos anos 1970. Serviu ainda como ombro e escudo para os irmãos, principalmente depois do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.
"Quando entrei na escola, eu sabia que era diferente dos outros estudantes por conta da língua, porque não sabia inglês. Mas foi na adolescência que eu entendi que algumas das minhas atitudes e de algumas palavras, do sotaque, que vi que o preconceito era por conta da minha etnia e/ou religião", diz.
"Depois do 11/9, meus irmãos também sofreram com a discriminação. Ainda na escola, um colega de classe de minha irmã Laila perguntou ao professor se por conta do 11/9 eles poderiam matá-la", afirma. "E um dos meus irmãos chegou a ser xingado de forma pejorativa por um dos professores por conta da religião dele", completa.
Rashida, entretanto, não parece carregar mágoas e isto favoreceu ao receber a ajuda de um judeu para entrar no mundo da política. Steve Tobocman, justamente o homem que ela substituiu no 12º Distrito de Michigan.
Porém, nem tudo são flores. E ela comenta que, toda vez que visita os familiares na Cisjordânia, toma um chá de cadeira no aeroporto de Tel Aviv, em Israel. "Normalmente eu tenho que passar por inspeções e entrevistas que levam horas. Mas meu marido, que é americano naturalizado, normalmente é quem tem que obter permissões oficiais", conta. "Eu aproveito esta oportunidade para ter conversas com os jovens oficiais israelenses. A maioria deles é receptiva", diz.
De qualquer forma, Rashida revela que sua base de governo está mesmo com os moradores de Detroit. Quer melhorar a qualidade de vida e reduzir os impactos causados pelo homem no meioambiente. Mais do que isto, ela entra na onda da palavra mudança de Barack Obama e diz que quer ser um exemplo para as próximas gerações.
"Meu sonho é servir de inspiração para outros e ajuda a mudar o mundo", afirma. Isto significa que pretende ser candidata a presidente dos Estados Unidos? "A gente nunca sabe. Eu nunca havia pensado antes em estar na Câmara dos Representantes. E acredito que um dia um muçulmano possa ser presidente dos Estados Unidos", finaliza.
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