Saif al-Islam Kadafi foi capturado neste sábado (19) no sul da Líbia por uma brigada de insurgentes, informaram fontes das Forças Armadas do Conselho Nacional de Transição.
Veja a cronologia da revolta na Líbia
Al-Islam, que sucederia Muamar Kadafi à frente do regime que seu pai criou e dirigiu durante 42 anos, foi detido na região de Obari, a 800 quilômetros ao sul de Trípoli, por uma brigada de combatentes da cidade de Zintan, situada a 150 quilômetros ao sul da capital.
Segundo o chefe do conselho militar de Zintan, Bashir al Talib, Al-Islam "se encontra em bom estado de saúde" e foi detido junto com outros dois acompanhantes.
Já o representante do CNT pela cidade de Obari, Moussa al Kuni, comentou ao canal "Al Jazeera" que Saif al-Islam se encontrava em uma região montanhosa cercado por todos os lados e decidiu se entregar sem resistência.
Fontes do CNT afirmaram que o segundo filho de Kadafi, solicitado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por possíveis crimes contra a humanidade, está sendo levado de helicóptero à cidade de Zintan e que posteriormente será conduzido a Trípoli.
O ministro interino da Justiça e de Direitos Humanos, Mohammed al Alagui, afirmou à "Al Jazeera" que o filho do ex-líder será julgado na Líbia.
"Saif al-Islam Kadafi será apresentado a um tribunal líbio e será julgado em processo conforme às normas jurídicas internacionais", disse.
A captura de Al-Islam acontece quase um mês depois da detenção e morte de seu pai Muamar Kadafi e seu irmão Mutasim na cidade de Sirte, em 20 de outubro.
Posição do governo
O primeiro-ministro interino líbio, Abdurrahim al-Keib, afirmou neste sábado (19) à Agência Efe que Saif al-Islam será tratado "como um prisioneiro de guerra".
"Apesar de ser um dos símbolos do antigo regime, será tratado como um prisioneiro de guerra, conforme as leis internacionais", declarou Al-Keib, que acrescentou que ainda não tem detalhes sobre as circunstâncias exatas da detenção do único filho do ex-ditador Muamar Kadafi que permanecia em território líbio.
O primeiro-ministro também acrescentou que Saif será julgado durante "um processo justo".
"Asseguro ao nosso povo e aos outros países do mundo que Saif al-Islam e seus companheiros serão julgados durante um processo justo durante o qual os direitos e a lei internacional serão garantidos", declarou Kib durante uma entrevista coletiva à imprensa em Zenten, para onde Saif al-Islam foi levado à tarde
Otan
A Otan declarou "confiança" neste sábado (19) nas autoridades líbias e no Tribunal Penal Internacional (TPI) para que a justiça siga seu curso no caso de Seif al-Islam.
"Com isto, a nova Líbia poderá se construir sob o Estado de direito e o respeito aos direitos humanos", declarou Oana Lungescu, porta-voz da Otan, lembrando um conflito que causou tanto sofrimento ao povo líbio".
O TPI não excluiu a possibilidade de o julgamento acontecer na própria Líbia, com a cooperação das autoridades líbias, se estas invocarem o princípio da complementaridade.
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