Depois que os rebeldes do Conselho Nacional de Transição (CNT) definiram um ultimato até sábado para que os simpatizantes de Muamar Kadafi se rendam em Sirta, cidade natal do ditador, os filhos de Kadafi reagiram com declarações contraditórias em redes de tevê com menções a uma vitória próxima e a uma rendição possível.
Saif al-Islam, apontado até então como o sucessor natural de Kadafi, afirmou em declaração exibida pelo canal al-Ray, que a família lutaria até a morte contra os insurgentes e as forças da Otan. Segundo ele, 20 mil homens armados estão prontos para reagir a qualquer ação militar do CNT em Sirta. E ressaltou a disposição para reconquistar a capital Trípoli, tomada pelos rebeldes na semana passada.
"Nós garantimos a vocês que estamos aqui, prontos e em boa forma. A resistência continua e a vitória está próxima", disse.
Em declaração de tom bem mais ameno, Saadi Kadafi, o terceiro filho do ditador, que já foi jogador de futebol, disse à tevê al-Arabiya, que Kadafi não tem objeções a entregar o cargo ao CNT e fez um apelo por negociação e acordo para por fim ao conflito.
"Se a minha rendição encerrar o derramamento de sangue, estou pronto para isso, mas não represento somente a mim e de modo a alcançar uma solução pacífica para a crise deveríamos sentar e negociar", afirmou.
Ele explicou que entrou em contato com o chefe das forças opositoras em Trípoli, Abdel Hakim Belhadj, com a autorização do pai para negociar um acordo. Antes da entrevista, os rebeldes tinham dito que Saadi tentava obter uma rendição pessoal.
Apesar das declarações desencontradas dos filhos de Kadafi, o porta-voz do regime, Moussa Ibrahim, foi claro em recusar o prazo de rendição imposto pelos rebeldes, alegando que "nenhuma nação digna aceitaria um ultimato de gangues armadas". Ao jornal The New York Times, Abdul Hafith Ghoga, um dos líderes do CNT, disse que Kadafi está escondido em Bani Walid, cidade no deserto ao sudeste de Trípoli.