O Tribunal Penal Internacional (TPI) está conduzindo negociações indiretas com Saif al Islam, 39. Ele é filho do ex-ditador líbio Muamar Kadafi, morto no dia 20. É possível que Saif se entregue para ser julgado, de acordo com anúncio feito hoje pelo tribunal. Antes da insurgência na Líbia, Saif era considerado o herdeiro político de Gaddafi.
Segundo Luis Moreno Ocampo, promotor-chefe do TPI, o diálogo com Saif está sendo feito por meio de intermediários. Ele tem sido assegurado de que terá um julgamento justo e de que ele poderá encontrar um novo país para morar, no caso de ser absolvido ou de vir a cumprir uma sentença de prisão. Ocampo diz não saber onde o líbio está atualmente.
Saif e o ex-chefe de de segurança e cunhado de Kadafi, Abdullah al-Senussi, de 62, são os fugitivos mais procurados do círculo interno do coronel líbio.
Durante esta semana, foi especulado que o filho do ditador estivesse no deserto do Níger, a caminho de Mali - para onde fugiu Senoussi. Ele estaria recebendo a ajuda de nômades tuaregs, que apoiavam Kadafi. Senussi viajou do Níger para o Mali na quinta-feira, segundo fontes da área de segurança dos dois países.
Tanto Senoussi quanto Saif foram acusados pelo TPI em junho passado pelo assassinato e tortura praticados contra insurgentes na Líbia. A revolta, iniciada em fevereiro, culminou na morte do ditador, na semana passada.
O governo do Mali afirmou que, assim como Ocampo, o país não sabe do paradeiro de Saif. Soumeylou Boubeye Maiga, ministro das Relações Exteriores, disse porém que o país "irá respeitar suas obrigações em relação ao TPI". Ou seja -o país poderia entregar os procurados caso eles sejam capturados ali.
O Tribunal teme que Saif fuja para um país africano que não coopere com seus procedimentos. Ocampo cita o Zimbábue como possível destino para ele. A organização Human Rights Watch disse hoje que o fato de o TPI estar em contato com Saif marca um novo momento no caso da Líbia.
Também oram acusados pela corte o ditador do Sudão, Omar Bashir, devido ao genocídio na região de Darfur.
Como o órgão não tem força policial própria, ele depende dos Estados membros para executar as prisões.