Saif al-Islam, um dos filhos do líder líbio Muamar Kadafi, disse ao jornal italiano Corriere della Sera que seu pai não vai pedir exílio fora da Líbia, mas que eleições, sob supervisão internacional, poderiam representar uma via para ele deixar o poder. A votação poderia ser organizada no prazo de três meses, afirmou al-Islam.
O filho disse que Kadafi deixaria o poder se perdesse o pleito, o que, segundo Saif al-Islam afirmou, é improvável. Ele reconheceu, porém, que "o regime do meu pai, como desenvolvido desde 1969, está morto". Saif al-Islam disse que prevê um Estado federal, com autonomia local forte e um governo central fraco em Trípoli, capital do país.
Ao mesmo tempo em que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) continua a atacar um complexo de Kadafi, a atividade diplomática estrangeira é intensa no país. O ministro de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, disse que seu governo está convidando líderes tribais de todas as partes da Líbia para uma reunião, com o objetivo de promover a reconciliação. Ele afirmou que cerca de 300 pessoas, representando todas as regiões da Líbia, vão participar da reunião, mas não falou sobre a data do encontro. Já a agência de notícias Ansa informou que a reunião deve acontecer na semana que vem.
Em Moscou, a agência de notícias Itar-Tass disse que o enviado russo Mikhail Margelov havia se encontrado com o ministro de Relações Exteriores líbio, Abdul-Ati al-Obeidi, em Trípoli, capital do país, e havia um encontro previsto com o primeiro-ministro Al-Baghdadi Al-Mahmoudi.
O enviado russo Mikhail Margelov foi levado a um local atingido por bombas da Otan em Trípoli. Não está claro se foi o local atingido na madrugada desta quinta-feira, mas jornalistas que estiveram no local viram Margelov na companhia de autoridades governamentais. Na semana passada, Margelov visitou o reduto rebelde em Benghazi e disse que Kadafi perdeu sua legitimidade. Por outro lado, Margelov também disse que os ataques aéreos da Otan não são uma solução para o violento impasse líbio.
Segundo a Interfax, Margelov declarou, após a reunião com o ministro de Relações Exteriores, que foi informado que "Kadafi não está preparado para sair e a liderança líbia vai conversar sobre o futuro do país apenas após o cessar-fogo". O ministro de Relações Exteriores também disse, segundo Margelov, que a União Africana deve ser "a principal força" para se chegar a uma resolução.
O último ataque da Otan a um complexo de Kadafi provocou a quebra de janelas e fumaça no centro da capital. Não ficou claro o que foi atacado e não há informações sobre vítimas. Funcionários do governo não falaram sobre o ataque. Os aviões da Otan têm atacado repetidamente a região do complexo em Bab al-Aziziya.
O militar tunisiano Mokhtar Ben Nasr disse que o número de líbios que fugiram do país nos últimos dias aumentou nos últimos dias. Segundo ele, 6.300 refugiados cruzaram a fronteira com a Tunísia no início desta semana. Dezenas de soldados líbios também desertaram e foram para a Tunísia de barco, informou ontem a agência de notícias estatal. As informações são da Associated Press.