O dirigente norte-coreano Kim Jong-il concedeu nesta terça-feira o primeiro título oficial a seu filho mais novo, Kim Jong-un, dando-lhe a patente de general, o que foi visto por analistas como o primeiro passo para que o jovem venha a suceder seu pai à frente do regime comunista.
Foi a primeira vez que a imprensa estatal norte-coreana mencionou Kim Jong-un pelo nome, embora sem identificá-lo como filho de Kim Jong-il. A notícia foi divulgada horas antes do início de uma importante reunião do partido governista.
Especula-se que Kim Jong-il, de 68 anos, tenha sofrido um derrame em 2008, mas analistas dizem que ele não deve deixar o poder tão cedo - tese corroborada pelo fato de ele ter sido reeleito secretário-geral do Partido dos Trabalhadores (comunista) na convenção partidária desta terça-feira.
Pouco se sabe de Kim Jong-un, exceto que nasceu em 1983 ou 84, e estudou na Suíça. Analistas dizem que ele ainda é jovem e inexperiente demais para assumir o cargo, que já passou de seu avô, Kim Il-sung, fundador do regime, para Kim Jong-il.
"Como era esperado, a transição dinástica está se tornando pública. Até agora, eles estão seguindo o padrão que vimos na década de 1970, quando o próprio Kim Jong-il estava manobrado para se tornar o novo Estimado Líder", disse Andrei Lankov, da Universidade Kookmin. "A diferença é que desta vez eles parecem estar com muita pressa."
Potências regionais estão atentas à convenção, a maior do regime em 30 anos, por causa das mudanças que podem implicar para o país, que apesar das suas dificuldades econômicas tem material suficiente para construir seis a oito armas nucleares.
"Eu gostaria de observar atentamente a situação interna da Coreia do Norte", disse o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan.
Analistas temem que o eventual colapso do regime cause turbulências internas, tensões militares e uma onda de refugiados para países como China, Japão e Coreia do Sul, que juntos são responsáveis por quase 20 por cento da economia mundial.
Outro temor é que a ascensão de um líder inexperiente abra espaço para disputas internas.
"A sucessão do poder pode levar a disputas entre facções e pode implicar tremendos custos econômicos que farão da península da Coreia um barril de pólvora", disse o ex-chanceler japonês Shotaro Yachi, representante especial do governo de Tóquio.
A agência estatal norte-coreana KCNA informou que Kim concedeu patentes militares a seis pessoas, o que inclui a promoção de sua irmã Kyong-hui e do filho Jong-un a generais.