Nevoeiro no Rio Yalu, na cidade chinesa de Dandong, que faz fronteira com a Coreia do Norte| Foto: JOHANNES EISELE/AFP

Fugir do chamado Reino Ermitão também tem implicações duras na vida dos que tentam um rumo fora da tirania da dinastia Kim. A rota de escape mais buscada, a China, não é o país mais adequado para viver de forma oficial: hoje, há mais de 30 mil filhos de norte-coreanos que não têm acesso a escola, saúde e cidadania chinesa.

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A discussão foi levada ao Parlamento do Reino Unido pelo ativista Sungju Lee, que fugiu da Coreia do Norte.

“As crianças vivem como se não existissem, sem direitos básicos. Muitas são filhas de mulheres que foram compradas por chineses de traficantes”, disse ele a um grupo parlamentar. “Um garoto de 7 anos com quem tivemos contato deveria entrar na escola na província de Jilin, mas não pode porque não tinha cidadania. Ficou sem educação nem amigos.”

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O Instituto Coreano pela Unificação Nacional estima 30 mil apátridas com base num levantamento de 2012 – contagem pouco confiável, já que os imigrantes do país vivem escondidos na China por medo da deportação.

A crise de refugiados norte-coreanos começou nos anos 1990, quando a fome matou mais de três milhões de pessoas. Desde então, centenas de milhares cruzaram a fronteira.

Formalmente, a lei permite que qualquer criança com um pai chinês tenha direito à cidadania do país. No entanto, como a identidade da mãe precisa ser revelada, esta acabaria deportada. É mais um problema para os refugiados, considerados ilegais por Pequim, que não permite asilo a cidadãos do país aliado — mesmo sabendo que negar refúgio é proibido.

“As crianças apátridas são um dos sintomas das violações na Coreia do Norte. Até agora, nada tem sido feito sobre o tema”, criticou ao “Guardian” Sylvia Kim, conselheira política da Aliança Europeia pelos Direitos Humanos na Coreia do Norte.

As mulheres são traficadas a regiões rurais da China, onde sobram homens. Jihyun Park foi uma delas: forçada a se casar com um chinês, foi descoberta e deportada meses após dar à luz um menino. Passou seis meses presa antes de fugir e se reunir com o filho, Yong-joon.

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“A ferida emocional que ele sofreu é enorme. É devastador”, diz ela, hoje morando com o filho em Londres.