Personagem
Para fã, ditador é um "gigante"
O ditador fascista ainda tem fãs inabaláveis na Itália. "Mussolini está na categoria dos gigantes", disse Pasquale Moretti, dono de um restaurante em Roma que exibe uma parafernália de tranqueiras da era fascista.
Ele diz que regularmente viaja a Predappio, onde presta homenagem a "um dos homens únicos na face da Terra".
Il Corpo del Duce, baseado em um livro do escritor italiano Sergio Luzzato, será exibido pela televisão italiana neste ano.
O jornal italiano La Repubblica, de esquerda, definiu o documentário como um "horror" e mostrou a "conhecida familiaridade do diretor Fabrizio Laurenti com filmes de terror".
Um novo documentário sobre o ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945) examina o culto, que beira a fascinação, que muitos italianos tinham pelo governante fascista e como o corpo de Mussolini virou o centro dessa fixação mórbida.
Il Corpo del Duce, ou "O Corpo do Duce" ("líder", em latim) é um documentário que contém algumas imagens horripilantes, nunca vistas antes do cadáver de Mussolini, pendurado pelos tornozelos em uma trave em um posto de gasolina numa praça de Milão, em 29 de abril de 1945, após o ditador ser morto a tiros pelos guerrilheiros italianos, os partigiani.
Dirigido por Fabrizio Laurenti, o filme literalmente segue o caminho do corpo de Mussolini da trave no posto de gasolina na Praça Loreto a uma cova anônima, e, mais tarde, a um sepulcro construído para o corpo do ditador em Predappio, na região da Romagna, norte da Itália, onde milhares de simpatizantes do ditador lhe prestam uma homenagem todos os anos.
"As imagens que eu exibo no documentário são muito, muito fortes", disse Laurenti em entrevista recente. "Elas não são para todo mundo ver." Algumas das tomadas mostram o rosto do ditador grotescamente inchado, irreconhecível após ter sido derrubado da trave no posto, espancado e apedrejado.
Mumificado
Outras imagens recém-reveladas mostram o corpo de Mussolini crivado de balas, encolhido em uma posição quase fetal, após ter ficado quase uma década no porão de uma delegacia da polícia milanesa. O corpo parece mumificado. A polícia confiscou o cadáver de Mussolini após grupos neofascistas terem retirado o cadáver do ditador da sua sepultura anônima em Milão, logo após ele ter sido morto.
Finalmente, sob pressão da direita italiana, o governo permitiu que o cadáver fosse entregue à família Mussolini para sepultamento em Predappio. Algumas das imagens da Praça Loreto de Milão, onde o cadáver de Mussolini ficou pendurado, foram filmadas por equipes do Exército dos Estados Unidos, que documentavam a libertação da Itália com o final da guerra na Europa.
Laurenti, cuja especialidade e formação é em filmes de terror, foi criticado pela esquerda italiana por ter mostrado o tratamento brutal que Mussolini recebeu pelos guerrilheiros da Itália. Mas Laurenti afirma que ele apenas foi historicamente acurado, fazendo um paralelo entre a morte de Mussolini e o recente assassinato do ditador líbio Muamar Kadafi pelos insurgentes na Líbia.
Amante
Mussolini foi capturado perto do Lago de Como, na região da Lombardia, quando ele e sua amante, Clara Petacci, tentavam fugir para a Suíça. Os guerrilheiros levaram o casal a uma casa de camponeses, onde foram executados a tiros. Além dos dois, alguns dirigentes fascistas também foram mortos.
Os corpos foram levados a Milão, onde foram pendurados pelos tornozelos, de cabeça para baixo, na trave do posto de gasolina em Loreto para que fossem vistos por toda a população da metrópole lombarda.
Ao usar imagens do arquivo do Istituto Luce, da Itália, o documentário lembra como no auge da era fascista, que durou de 1922 a 1943, um culto promovia a força física de Mussolini. O ditador era mostrado como um líder viril durante toda a vida, mesmo quando já estava careca e em plena meia-idade.
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