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Síria

Fim de semana sangrento indica ofensiva de Assad

Manifestação na cidade de Homs, um dos principais redutos antigoverno | Reuters
Manifestação na cidade de Homs, um dos principais redutos antigoverno (Foto: Reuters)

Damasco e Beirute - Em meio a sinais de que o governo sírio pode ampliar sua ofensiva contra as manifestaçõe que já duram cinco semanas, dezenas de moradores desapareceram no país desde sexta-feira, muitos deles da cidade rebelde de Homs e de vilas da periferia da capital, Damasco, de acordo com informações de ativistas de direitos humanos.

Os desaparecimentos são outra indicação de que a decisão do governo de suspender a legislação draconiana de estado de emergência, em vigor desde 1963, pode ser mais retórica do que reforma. Embora o governo tenha pedido a revogação da lei na quinta-feira da semana passada, os últimos três dias foram os mais sangrentos e repressivos desde o início do levante.

Apenas na sexta-feira, pelo menos 109 pessoas foram mortas em ataques das forças de segurança do governo em 14 cidades. Outro 12 manifestantes teriam morrido no sábado, quando participavam de funeirais de mortos do dia anterior. Ontem, confrontos deixaram pelo menos mais quatro vítimas fatais.

"Nós não confiamos mais nesse governo", disse um manifestante. "Estamos cansados disso".

A ONG Human Rights Watch pediu às Nações Unidas a criação de um inquérito internacional sobre as mortes e pediu aos Estados Unidos e à Europa sanções contra os oficiais responsáveis pelos massacres e detenções de centenas de manifestantes. "Após a carnificina de sexta-feira, não é mais suficiente apenas condenar a violência", disse Joe Stork, vice-diretor da organização para o Oriente Médio.

Moradores infomaram ontem que as forças de segurança cercaram algumas cidades na periferia da capital, onde foi reportado o maior número de mortes na sexta-feira. Segundo eles, qualquer um que entra ou sai da região passa por uma revista, numa aparente tentativa de impedir manifestantes de marcharem até a capital, baluarte dos 40 anos da ditadura da família Assad.

Uma manifestante de Saqba, uma das cidades da perfieria de Damasco, disse que cem pessoas haviam desaparecido. "Nenhum governante jamais derrotou o seu povo", disse ela. "O povo sempre prevalecerá."

ONGs

Wissam Tarif, diretor executivo da Insan, um grupo sírio de direitos humanos, afirmou que sua organização tinha compilado os nomes das 217 pessoas que desapareceram desde a sexta-feira. Pelo menos 70 delas eram de uma região próxima da capital e outros 68 de Homs, terceira maior cidade da Síria e local dos protestos mais vigorosos da semana passada. Tudo somado, ele disse que o grupo tinha documentado nomes dos desaparecidos de 17 cidades e vilas. "Não para", ele disse. "Novos nomes continuam aparecendo."

O governo impediu a maioria dos jornalistas estrangeiros de trabalhar na Síria, fazendo com que os relatos não possam ser verificados. Com o uso da força, as tropas de segurança parecem operar com impunidade. A tática do governo parece ser oferer algum tipo de reforma, para apazigur sua base, enquanto reprime aqueles que se opõem publicamente ao regime. "Isso não vai parar", disse Tarif. "Vai haver muito mais derramamento de sangue. Todos os sinais que vejo aqui indicam para isso."

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