Ironia
Conferência de Cancún "não vai dar em nada", afirma Lula
Na cerimônia em que foram anunciados os novos índices de desmatamento do país, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não irá a Cancún, México, para participar da COP-16 (conferência do clima da ONU) porque ela "não vai dar em nada".
"A COP-16 não vai dar em nada, não vai nenhuma grande liderança, no máximo, os ministros do Meio Ambiente. Não vai haver um avanço, uma pactuação", afirmou Lula.
Lula fez elogios ao seu governo e criticou os antecessores, chamando-os de "incompetentes" por não terem se empenhado para reduzir o desmatamento.
"O que estamos conseguindo talvez nem seja mérito nosso, mas incompetência de quem veio antes de nós. Antes se fazia muito discurso e se colocava pouca coisa em prática. A diferença deste governo é que não ficamos só na teoria, desmatamento não é para ser controlado de Brasília apenas", disse.
Cancún - A União Europeia fez ontem uma prestação de contas durante a Conferência do Clima da ONU em Cancún (COP-16) e afirmou que neste ano, até novembro, repassou 2,2 bilhões de euros (R$ 4,9 bilhões) aos países em desenvolvimento dentro do chamado Fast Start Funding recursos no curto prazo na área das mudanças climáticas. Foram beneficiados países emergentes como Brasil e China, nações africanas e da América Latina.
Existe um acordo desde a COP-15, em Copenhague, para os países ricos doarem US$ 30 bilhões até 2012 para os países mais pobres. Os europeus dizem que vão contribuir com um total de 7,2 bilhões de euros nesses três anos. Depois, até 2020, entra o financiamento de longo prazo, no valor de US$ 100 bilhões anuais.
O problema é que, como a própria União Europeia admitiu, metade do valor colocado na mesa até agora pelo grupo se refere a empréstimos. O Brasil e os demais países em desenvolvimento não concordam que os empréstimos sejam incluídos no financiamento somente doações. Isso faz parte da responsabilidade histórica os países desenvolvidos são os maiores responsáveis pelas emissões de gases do efeitoestufa e precisam auxiliar as nações em desenvolvimento a cortarem suas emissões e a se adaptarem para os impactos inevitáveis do aumento da temperatura.
Segundo o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, essa manobra pode prejudicar o processo de confiança entre os países que negociam em Cancún. "Isso pode afetar de alguma forma o restante do resultado", afirmou.
Um dos argumentos usado pelos europeus é que, quando o recurso emprestado é usado para melhorar o isolamento de uma casa, por exemplo, o dinheiro é obtido de volta com a economia de energia elétrica.
O que o governo brasileiro concorda é que neste ano os recursos sejam menores ou que tenha de haver remanejamento de recursos já que a proposta de financiamento foi aprovada em dezembro de 2009 e os países não tiveram tempo de incluir os valores no Orçamento de 2010.
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