A Finlândia anunciou neste domingo (15) que vai solicitar adesão à Aliança do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma consequência direta da invasão da Rússia à Ucrânia. O anúncio que oficializa a sinalização que o país nórdico vinha indicando desde a semana passada foi feito pelo presidente Sauli Niinisto e a primeira-dama Sanna Marin.
"É um dia histórico. Uma nova era está começando", discursou Niinisto em entrevista coletiva no palácio presidencial em Helsinque.
O parlamento finlandês deve examinar o projeto de lei para entrada na Otan já nesta segunda-feira (15). A aprovação do parlamento é considerada uma mera formalidade, já que a maioria dos parlamentares é a favor da inclusão. Após os trâmites internos, a Finlândia fará o pedido oficial à Otan em Bruxelas provavelmente na próxima semana.
Para se filiar de fato, a Finlândia vai precisar da aprovação dos parlamentos de todos os 30 países membros. Porém, a Turquia já manifestou contrariedade não só da adesão da Finlândia, mas também de outro país nórdico, a Suécia. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan acusa os dois países de abrigar militantes curdos separatistas, considerados terroristas por Ancara.
A Finlândia tem fronteira de 1,3 mil km com a Rússia. O país escandinavo se manteve neutro militarmente por 75 anos, desde a Segunda Guerra Mundial. Mas após o ataque ordenado pelo presidente russo Vladimir Putin à vizinha Ucrânia em fevereiro pôs em xeque o posicionamento neutro finlandês.
Semana passada, o presidente e a primeira-ministra finlandeses já haviam anunciado que eram favoráveis à adesão "sem demora" à Otan, confrontando o objetivo de Putin de frear a expansão da Otan para países fronteiriços coma Rússia.
Sábado (14), Niisto ligou para Putin para comunicá-lo diretamente de que a Finlândia faria o pedido de adesão à Aliança. A conversa ocorreu poucas horas após o governo russo determinar o corte no fornecimento de gás para o país vizinho como retaliação.
Na conversa, Putin alertou o presidente finlandês de que deixar a neutralidade seria "um erro". O presidente russo ainda avisou de que haveria consequências à Finlândia por se juntar à Otan.
Diplomatas dos países membros da Otan estão reunidos neste domingo em Berlin, na Alemanha, para discutir não só os movimentos de adesão da Finlândia e Suécia diante das ameaças russas, como também para planejar o envio de mais apoio à Ucrânia.