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A Finlândia tornou-se nesta terça-feira (4) o mais novo membro de pleno direito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), após concluir o processo de ingresso solicitado na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia. Com isso, o país está coberto pelo artigo 5º sobre defesa coletiva da Aliança.
"Ao receber este instrumento de ratificação, declaro que a Finlândia é o 31º membro do Tratado do Atlântico Norte", disse o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, durante cerimônia na sede da OTAN, em Bruxelas (Bélgica). Nesse ato, o ministro das Relações Exteriores finlandês, Pekka Haavisto, entregou o último documento que faltava para concluir o processo de adesão de seu país. Anteriormente, Blinken confirmou ter recebido o mesmo documento da Turquia, último aliado a ratificar a entrada da Finlândia.
Tradicionalmente, o acesso de um país à OTAN ocorre mediante o depósito de todos os instrumentos de ratificação junto ao Departamento de Estado dos EUA, que é o guardião do Tratado de Washington, documento fundacional da Aliança, mas nesta ocasião os aliados decidiram que essa entrega seria feita nas mãos de seu mais alto representante, Blinken. Desta forma, a entrada formal da Finlândia na OTAN coincidiu com o dia em que a entidade completa 74 anos.
Rapidez
A entrada da Finlândia na Aliança foi a mais rápida na história moderna da organização, lembrou o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.
O presidente finlandês, Sauli Niinistö, afirmou em comunicado que a adesão do seu país à OTAN marca o fim do não-alinhamento militar e o início de uma nova era, embora tenha ressaltado que a entrada na Aliança Atlântica "não está dirigida contra ninguém".
"A Finlândia é um país nórdico estável e previsível que busca a resolução pacífica de disputas. Os princípios e valores que são importantes para a Finlândia continuarão a guiar nossa política externa também no futuro", destacou Niinistö. Para ele, a adesão à Aliança Atlântica proporciona segurança à Finlândia. E que, por sua vez, o país nórdico está empenhado na segurança de todos os Estados-membros da OTAN, razão pela qual será um aliado de confiança que reforçará a estabilidade regional.
"Como parceiros, há muito participamos ativamente das atividades da OTAN. No futuro, a Finlândia contribuirá para a dissuasão e defesa coletiva da OTAN", acrescentou.
Suécia
A Finlândia e a Suécia solicitaram a adesão à OTAN após a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas a Hungria e a Turquia ainda não ratificaram o ingresso da Suécia. "A Finlândia candidatou-se à adesão à OTAN juntamente com a Suécia. A adesão da Finlândia não está completa sem a da Suécia", frisou o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö.
"Agora que somos membros da OTAN, temos uma tarefa muito importante: entregar o instrumento de ratificação da Suécia", ressaltou o ministro das Relações Exteriores finlandês, Pekka Haavisto, ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.
Repercussões
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, celebrou a incorporação da Finlândia à OTAN e considerou que a organização está hoje "mais forte do que nunca" e também "mais unida do que nunca", apesar da tentativa do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de "dividi-la" com a invasão da Ucrânia. Biden disse que, quando Putin lançou sua "agressão brutal" contra o povo da Ucrânia, "pensou que poderia dividir a Europa e a OTAN", mas "ele estava errado".
"Estamos mais unidos do que nunca e, juntos e fortalecidos com o nosso novo aliado, a Finlândia, continuaremos a preservar a segurança transatlântica e a defender cada centímetro do território da OTAN", ressaltou.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, felicitou o país nórdico e se mostrou confiante de que Kiev avançará nas suas aspirações de aderir à Aliança na Cúpula de Vilnius: "Minhas sinceras felicitações à Finlândia e ao presidente Sauli Niinistö por sua entrada na OTAN no 74º aniversário de sua fundação", escreveu em suas redes sociais.
O presidente ucraniano acrescentou que "a OTAN se tornou a única garantia de segurança efetiva na região diante da agressão russa".
Rússia
A Rússia alertou nesta terça-feira (4) que a entrada da Finlândia na OTAN não fortalecerá a segurança do bloco aliado, ao mesmo tempo em que assegurou que aqueles que pensam que Moscou não reagirá a tal adesão estão "profundamente" enganados.
"Tudo será calibrado de acordo com a conjuntura em mutação, sua segurança não será reforçada, a segurança da Aliança Atlântica em geral não será reforçada", disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Ryabkov, em declarações à televisão pública russa.
Além disso, ele antecipou que a segurança finlandesa – e, neste caso, também fez referência à Suécia – "enfraquecerá" após a adesão, uma vez que Moscou será obrigada a tomar medidas, que anunciará "oportunamente". "Qualquer ameaça em nossa direção será rechaçada", enfatizou.
O diplomata frisou que a Rússia tem "recursos militares" e "vontade política" para defender sua soberania e rejeitar qualquer ameaça contra a sua integridade territorial.
Em maio de 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, chegou a afirmar que a entrada da Finlândia e da Suécia na Aliança não representaria "uma ameaça direta" à segurança de seu país, a menos que incluísse o posicionamento de armas em seus territórios.
O hasteamento da bandeira finlandesa juntamente com as dos outros 30 aliados dá o toque final à cerimônia de boas-vindas do país à OTAN. Além disso, os ministros das Relações Exteriores aliados iniciam uma reunião de dois dias em Bruxelas.