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diário secreto

Fitas secretas da Casa Branca rendem novo livro sobre Clinton

Bill Clinton reuniu-se 79 vezes com o premiado historiador Taylor Branch na Casa Branca enquanto era presidente dos Estados Unidos para gravar um diário secreto de sua presidência.

O resultado das entrevistas é um livro novo, "The Clinton Tapes: Wrestling History with the President", que apresenta uma visão nova de fatos chaves, como a direção que Clinton imprimiu à economia e ao déficit, a ascensão da Al Qaeda e o escândalo envolvendo Monica Lewinsky.

Desde que o escândalo de Watergate derrubou Richard Nixon, os presidentes norte-americanos têm tomado muito cuidado em relação a gravar fitas na Casa Branca.

Mas Branch e Clinton tinham trabalhado juntos quando tinham 20 e poucos anos, e Clinton propôs que as fitas fossem gravadas como registro histórico de sua presidência. O que aconteceu de fato foi que Clinton ficou com as fitas, e o livro de Branch é baseado nas anotações que o historiador fez na época das gravações.

Branch, que recebeu um prêmio Pulitzer em 1989 por "Parting the Waters: America in the King years 1954-63", falou com a Reuters sobre o projeto com Bill Clinton e seu livro.

Pergunta: Qual foi sua impressão principal de Bill Clinton?

Resposta: Fiquei espantado pelo fato de ele estar constantemente envolvido em questões do mundo inteiro, apesar das distrações de todo tipo. Eu esperava mais reclamações sobre como era ser presidente. Ele vivia preocupado com o quê faria a seguir.

P: Qual foi a impressão que o senhor teve da presidência?

R: Era uma imensa e complexa máquina de pressão que se abatia sobre o presidente com peso enorme. Ele não podia realmente controlar sua programação. Eu tinha a imagem de que os presidentes tratassem das coisas apenas à medida que estivessem preparados para isso. Com ele, havia pressões constantes e oportunidades vindas de todos os cantos.

P: Como Clinton tomava decisões?

R: Foi a primeira vez que testemunhei em primeira mão o que se ouve falar que outros presidentes fazem. Clinton adorava ouvir os argumentos (de seus assessores). Muitas vezes ele desmontava e remontava seu raciocínio para mim e me explicava porque tomara um rumo ou outro. Isso se aplicava a enviar mísseis cruise contra Bin Laden, ao porquê de ele passar por cima dos pareceres de seus chefes de defesa. Ele confirmou a visão dos historiadores de que as decisões realmente difíceis que cabem aos presidentes têm facetas múltiplas.

P: O que o senhor viu das pressões impostas a Clinton?

R: Eu ficava espantado por ver quão cansado ele às vezes ficava. Houve vários momentos durante o processo de impeachment em que ele chegou a se contorcer (quando falava). Ele puxava o joelho para perto da orelha. Ele parecia conseguir algum alívio dos pontos de tensão. Era evidente que havia um estresse físico tremendo.

P: O que ele falou sobre o escândalo Monica Lewinsky durante o processo de impeachment?

R: Ele falou sobre isso mais para lamentar o que aconteceu e defender sua presidência ao extremo. Ele já tinha superado o desgaste com (a primeira-dama) Hillary, porque estavam combatendo o impeachment juntos. Ele disse que o problema de Monica Lewinsky foi um erro terrível que foi fruto de sua autopiedade.

P: O que Clinton achou do livro?

R: Ele receou que fosse tão pessoal que algumas das coisas pessoais pudessem ser distorcidas. Ele imaginara que seria apenas sobre política.

P: Esse livro é história?

R: Não afirmo ser objetivo. Não descrevo este livro como um livro histórico, como são meus livros sobre (o líder dos direitos civis Martin Luther) King. No livro sobre Clinton, procuro apresentar um registro mais primário.

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