O governador do estado americano da Flórida, Ron DeSantis (Partido Republicano), anunciou uma série de propostas na segunda-feira (13) com o objetivo de restringir o uso dos chamados critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) em decisões de investimentos envolvendo recursos estaduais e locais.
O movimento ESG promove práticas de investimento que enfatizam não apenas retornos financeiros, mas também classifica as empresas em aspectos como ética, diversidade na sua direção, doações eleitorais e ações de sustentabilidade. Em uma coletiva de imprensa na cidade de Naples na segunda-feira, DeSantis definiu ESG como um “mecanismo para injetar ideologia política em decisões de investimentos, na governança corporativa e, na verdade, em toda a economia do dia a dia”.
Como parte da legislação proposta, DeSantis anunciou a meta de transformar em estatuto uma resolução promulgada no ano passado que proibiu investimentos ESG em fundos de pensão de funcionários estaduais e locais, incluindo bombeiros, policiais e professores.
A legislação proposta restringiria os bancos que detêm fundos públicos — conhecidos como depositários públicos qualificados — de utilizar ESG em suas decisões de investimento. As empresas de investimento que adotam ESG também seriam impedidas de emprestar dinheiro ao estado ou a governos locais.
A legislação proibiria o estado de fornecer informações relacionadas a ESG às agências de classificação de crédito que avaliam a capacidade da Flórida de cumprir suas obrigações de dívida. E o estado também busca estabelecer proteções para moradores da Flórida contra a discriminação de grandes bancos baseada em crenças religiosas, políticas ou sociais, disse DeSantis.
O governador disse que a produção doméstica de energia é um dos principais alvos do movimento ESG. Ao retirar os incentivos para investimentos em petróleo e gás e “restringir a capacidade de investir seu dinheiro”, ele viola o dever fiduciário que as instituições financeiras têm para com os acionistas de gerar o maior retorno possível sobre o investimento, disse DeSantis.
DeSantis disse que o movimento ESG imita o sistema de pontuação de crédito social adotado pelo Partido Comunista da China. Ele também criticou a dependência dos Estados Unidos em relação à China para produtos manufaturados. “Precisamos recapturar todas as cadeias de suprimentos, tirá-las da China e trazê-las de volta para cá”, disse o governador. Durante a pandemia, muitas commodities de que os americanos necessitaram foram produzidas pela China.
O movimento ESG não tem apoio popular, argumentou DeSantis, e seria um “fenômeno dirigido pela elite” de cima para baixo, liderado por “donos de jatinhos” globalistas, como os que participaram do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, no mês passado. Na conferência internacional, o presidente do Alibaba Group, J. Michael Evans, se gabou do desenvolvimento de um “rastreador individual de pegada de carbono” que pode monitorar o que as pessoas compram, o que comem e para onde e como viajam, para avaliar as contribuições individuais para as mudanças climáticas.
“Não sei de onde vêm essas coisas, mas as elites as agarram e querem impô-las a todos nós”, disse DeSantis. “Elas não têm a capacidade persuasiva de fazer isso por meio do processo democrático.”
O presidente da Câmara dos Representantes da Flórida, Paul Renner, disse que alguns dos maiores gestores de ativos do país apostaram tudo em ESG e estão usando seu tamanho e influência para forçar as empresas a cumprir seus critérios.
“Eles se relacionam com CEOs e conselhos de direção de empresas espalhadas pelo nosso país para ditar a eles, devido ao seu domínio acionário, quais políticas devem adotar, como seu conselho administrativo deve ser constituído, o que fazer em várias questões, como aborto e coisas que não têm nada a ver com a atividade da empresa em questão”, disse Renner à National Review.
© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
Deixe sua opinião