O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve nesta terça-feira (22) sua previsão de recessão na economia da Argentina para este ano e, embora tenha elogiado a direção das políticas do presidente do país, Javier Milei, disse que ainda há “muito trabalho a ser feito”.
“Nossas projeções para a Argentina não mudaram desde julho. Nossa equipe está conversando com as autoridades do país em meio a negociações, mas os números são os mesmos de julho”, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em entrevista coletiva.
Essas previsões apontam para uma contração da economia de 3,5% em 2024 e uma recuperação de 5% em 2025, ano para o qual Gourinchas também prevê uma queda substancial da taxa de inflação no período anualizado para 62,7% em comparação com os atuais 229,8%.
De acordo com os últimos dados oficiais, a inflação em setembro foi de 3,47%, a menor desde novembro de 2021, e a taxa no período anualizado foi de 209%.
“O que está acontecendo no lado da inflação, [é que] o progresso tem sido muito substancial. Estamos dizendo agora que a inflação mensal na Argentina está próxima de 3,5% e isso é inferior aos 25% em dezembro de 2023, portanto, é uma redução muito significativa e isso é algo a ser reconhecido”, disse o economista.
Agora, a “esperança” é que as medidas em vigor “continuem a melhorar a situação nesse aspecto”.
Em entrevista à Agência EFE, a vice-diretora do departamento de pesquisa do FMI, Petya Koeva Brooks, disse que o que se viu na Argentina foram “alguns desenvolvimentos positivos”, no contexto de “um ajuste fiscal muito forte e uma âncora fiscal forte”.
“A confiança aumentou, mas, ainda assim, o trabalho não está concluído e certamente observamos uma contração na atividade como resultado do ajuste fiscal”, acrescentou.
À medida que a confiança se recupera e parte desse ajuste é diluído, “espera-se que a atividade se recupere”, declarou a economista.
Tudo isso, afirmou Brooks, com base no pressuposto de que “as políticas continuarão a fazer seu trabalho”.
“E não se trata apenas de políticas fiscais, mas também da eliminação completa do financiamento monetário, que também é muito importante, como você sabe, políticas monetárias e cambiais sólidas e reformas do lado da oferta que seriam tão importantes para uma recuperação duradoura do crescimento na Argentina”, acrescentou.
A publicação desse relatório, que ocorre no contexto das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial (BM), coincide com o primeiro ano de mandato de Milei, que assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023 e implementou um plano de ajuste econômico severo.
A Argentina é o país que mais deve ao FMI e, por sua vez, o FMI é seu principal credor.
Em março de 2022, o então governo do peronista Alberto Fernández (2019-2023) assinou um acordo com o FMI para refinanciar um empréstimo de cerca de US$ 45 bilhões que a organização havia concedido à Argentina em 2018, durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019).A dívida da Argentina com o FMI atualmente é de cerca de US$ 43 bilhões.
O governo de Milei declarou que definirá se negociará ou não com o Fundo um novo acordo de assistência financeira assim que forem concluídas as revisões pendentes (nona e décima) do programa ainda em vigor.
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