Foco brasileiro

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Muitas das reuniões e debates da COP-16, a conferência da ONU para o clima, contaram com a presença de especialistas brasileiros. Acompanhe alguns dos principais destaques desta quarta-feira em Cancún, na visão de quem está lá:

Leide Yassuco Takahashi (foto 1)Engenheira florestal e gerente de Projetos Ambientais da Fundação O Boticário Proteção à Natureza.

Assunto nacional

"Acabei de sair da apresentação do programa denominado ABC (Agricultura de Baixo Carbono), desenvolvido pelo governo brasileiro a um custo de R$ 2 bilhões, com objetivo de recuperar terras rurais degradadas e integrar a agricultura e as áreas florestais. Durante o evento, o representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) destacou que há necessidade de recuperar 15 milhões de hectares em pastagens e que serão necessários R$ 22 bilhões para isso. Uma curiosidade: passei, junto com o Guilherme Karam, no estande/pavilhão do Brasil e me surpreendi. Está muito bonito e constata-se, facilmente, o elevado investimento – é um dos três ou quatro maiores estandes de toda a exposição. Parece uma Estação Natureza – focada na Amazônia – , pois há diversos ambientes e até uma simulação de mangue."

Denilson Cardoso (foto 2)Biólogo e membro da Coordenação do Observatório do Clima, representando a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS).

Prêmio Motoserra

"Hoje realizamos nossa manifestação sobre o código florestal brasileiro. Colocamos um Papai Noel na entrada do pavilhão que dá acesso ao espaço Brasil. Também entregamos mudas de plantas e decoramos o local com os banners e faixas. Outra curiosidade foi o fato do Greenpeace ter entregue à senadora Kátia Abreu o prêmio Motosserra de Ouro – por sua defesa ferrenha a mudanças no código florestal brasileiro."

Guilherme Zaniolo Karam (foto 3)Biólogo e analista de projetos da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.

Agenda paralela

"As COPs caracterizam-se por discutir, regulamentar, atualizar e instrumentalizar as convenções estabelecidas entre os países signatários. Dessa forma, sempre haverá COPs com mais ‘batidas de martelo’ [mais decisões] e outras com menos. Ainda que as decisões políticas não ocorram por aqui, as discussões fora da agenda oficial são sempre intensas e positivas. Existe uma agenda paralela às discussões oficiais (side events), que costuma ser muito rica, com debates científicos e estudos de casos relacionados às mudanças climáticas em todo o mundo. Ou seja, as COPs também são interessantes para o intercâmbio científico e para a troca de experiências entre as instituições que trabalham com esta temática por todo o mundo."

André Rocha Ferretti (foto 4)Engenheiro florestal e coordenador de Conservação da Biodiversidade da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.

Rumo ao fim

"A COP está chegando ao fim, mas até o final desta quarta-feira muitas discussões avançaram, já que nesta quinta-feira os ministros deverão analisar o que foi construído pelos negociadores para tentar aprovar algumas decisões até amanhã. Talvez, por isso, estejamos vendo mais movimentação por aqui do que nos dias anteriores. São as últimas horas antes de os ministros iniciarem a fase final da COP-16. Ah, ontem o Papai Noel também deu as caras por aqui. Deem só uma olhada no figura."