Curitiba Especialista em Haiti, país que tem visitado com freqüência, o analista Ricardo Seitenfus considera correta a solução encontrada para conter os protestos pós-eleitorais que tomaram o Haiti. Confira:
Como o senhor vê a saída para acelerar a chegada de René Préval à Presidência?
Ricardo Seitenfus Vejo positivamente, pois foi a maioria que elegeu o presidente. Foi a melhor solução encontrada.
Muitos analistas têm dito que o número de votos brancos é espantoso quando se lembra que alguns eleitores passaram até oito horas esperando para votar, no dia 7 de fevereiro. Qual a sua opinião sobre isso?
Voto em branco é sinal de protesto, o que não é o caso no Haiti. Os votos brancos "conquistaram" o quinto lugar nas eleições do Haiti, por isso foi necessário desconsiderá-los.
O que explica tantas cédulas descartadas encontradas no lixão? Foi fraude ou despreparo?
Provavelmente fraude.
Com um começo assim tumultuado, já se pode falar no risco de um novo governo "inacabado" no país?
Não tem risco, Préval é um homem muito ponderado e fará um ótimo governo. A presença do Brasil no Haiti tanbém é muito importante e positiva.
Como fica a situação do ex-presidente deposto, Jean-Bertrand Aristide. Há meios para forçar sua volta ao país? Isso ocorrerá, uma vez que Préval é seu aliado?
René Préval disse que a constituição não proíbe que os haitianos retornem ao país, por isso ele também não vai proibir o ex-presidente de fazê-lo. Tudo depende do próprio Jean-Bertrand Aristide, que talvez não queira voltar por motivos de segurança.
