Há uma grande notícia no mundo da ciência: cientistas acabaram de anunciar que detectaram ondas gravitacionais oriundas da fusão de dois buracos negros no espaço sideral profundo – algo previsto há um século pela Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein.
A descoberta serve para destacar – mais uma vez – a prodigiosa genialidade de Einstein, um físico teórico cuja obra alterou fundamentalmente a maneira como nós seres humanos enxergamos e entendemos o universo.
Os traços gerais desta história são bem conhecidos: ele nasceu na Alemanha em 1879, trabalhou em um escritório de patentes em Berna, na Suíça a partir de 1905, e em 1915 completou uma obra que abalou o mundo, sua Teoria Geral da Relatividade, a qual ajudou a explicar como espaço, tempo e gravidade interagem e o catapultou para a estratosfera da comunidade científica. Imigrou para os Estados Unidos em 1933 e passou o resto de sua carreira profissional na Universidade de Princeton, trabalhando ativamente nas ciências e também em questões políticas e sociais até sua morte, em 1955.
Também existem histórias bastante difundidas a respeito de sua infância e instrução que parecem conflitar com o fato de que era um grande gênio. De que ele era uma criança preguiçosa. De que ele era um estudante relapso que reprovou em matemática. De que ele tinha uma deficiência de aprendizagem. Quanto disso é verdade?
De acordo com diversas fontes, incluindo os Arquivos Albert Einstein em Israel, que detêm o maior acervo de escritos do cientista em todo o mundo, parte disso é verdade e parte não é.
Ele começou a falar tarde?
Einstein contou a um biógrafo, Carl Seelig, que seus pais “ficaram preocupados porque eu comecei a falar relativamente tarde e consultaram um médico a respeito disso.” Contudo, seus avós escrevem uma carta a membros da família após visitá-lo quando tinha dois anos e não mencionaram qualquer atraso nesse sentido, notando, ao invés, que ele tinha “ideias curiosas”.
Ele era um estudante relapso?
Einstein começou a frequentar a escola com seis anos e meio e, de acordo uma biografia encontrada nos Arquivos Albert Einstein, seus professores não o consideravam especialmente talentoso apesar de ele receber notas altas. Ele odiava os protocolos rígidos seguidos pelos professores e exigidos dos alunos pelo método de aprendizagem mecânica empregado, o que explica seu desdém pela escola, o qual ele levou consigo quando, com nove anos e meio, entrou no Ginásio Luitpold, uma escola secundária concorrida. Com 11 anos estava lendo livros de física de nível universitário e aos 13 decidiu que Kant era seu autor favorito depois de ter lido a “Crítica da Razão Pura”. Ele era claramente brilhante para qualquer um que estivesse prestando atenção.
Ele reprovou em matemática?
Einstein ia bem em matemática, mas de fato não passou no exame de admissão para a Escola Politécnica de Zurique da primeira vez que tentou – quando estava a cerca de um ano e meio de se formar no ensino médio, com 16 anos, e não tinha estudado muito francês, a língua em que o exame era aplicado. Ele foi bem na seção de matemática mas reprovou nas de língua, botânica e zoologia, de acordo com o site “history.com”. Uma reportagem de 1984 no New York Times afirma que a redação que Einstein escreveu para o exame estava “cheia de erros”, mas destacou seus interesses para o futuro. Ele escreveu: “Eu me vejo me tornando um professor nesses ramos das ciências naturais, escolhendo a parte teórica dessas ciências.”
Einstein saiu do Ginásio Luitpold e entrou na Escola Cantonal Aargau, onde terminou o ensino médio – apesar de continuar a ter dificuldade com o francês – e então foi automaticamente admitido para a Politécnica de Zurique em 1896, onde se graduou.
Ele tinha uma deficiência de aprendizagem?
É comum se ouvir dizer que Einstein era disléxico. É difícil fazer um diagnóstico póstumo, mas as evidências sugerem fortemente que ela não era, afirmam diversos biógrafos. Também é comum se ouvir dizer que ele tinha Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – porque ele sonhava acordado na escola quando era jovem e era notoriamente esquecido – e Síndrome de Asperger, um transtorno do espectro do autismo caracterizado por problemas de interação social e por padrões repetitivos de comportamento. Em 2003, a BBC noticiou que pesquisadores das universidades de Cambridge e Oxford acreditavam que Einstein (e Isaac Newton) exibia sinais de Asperger quando criança, período em que era solitário e repetia frases.
Seja lá o que ele tinha, isso não o impediu se tornar possivelmente o mais famoso e mais brilhante cientista da história.
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