Foi uma boa noite de debate para Pence, mas que não deve mudar muita coisa

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As objeções da maioria dos democratas à presidência de Donald Trump têm muito pouco a ver com Mike Pence. Eles podem não gostar dele ou não concordar com ele, mas o vice não desperta neles a oposição veemente, enraivecida e consumidora que Trump desperta.

Já as objeções da maioria dos republicanos à perspectiva de uma presidência de Biden têm muito a ver com Kamala Harris. Muitos republicanos acham que Biden não enfrentará os progressistas, como Harris, em seu partido ou será um "testa de ferro" enquanto progressistas como Harris tomam as decisões reais nos bastidores, ou que Joe Biden simplesmente não existirá por muito tempo e Harris se tornará a 47º presidente dos Estados Unidos.

O vice-presidente Mike Pence poderia dizer qualquer coisa no debate dos candidatos à vice-presidência nesta quarta-feira (7) – até letra de Bohemian Rhapsody – e fazer com que as palavras soassem de maneira calma e equilibrada, como o franco senso comum do centro-oeste. Nos primeiros 45 minutos de debate, quando Pence ultrapassava o seu tempo de fala, soava como se ele tivesse metade de uma frase para terminar e parecia razoável que ele usasse uns vinte segundos extras ou mais. Mas no avançar da noite, passou a usar esse recurso com demasiada frequência.

Mas, no geral, Pence foi notavelmente eficaz, e de uma forma que parece levar seus oponentes a subestimá-lo. Pence ataca com um soco suave – como quando disse “parece plágio” ao se referir ao plano de Biden para a pandemia – ou ao usar elogios enquanto sutilmente lembra o público das falhas de seu oponente – como quando disse: "Saúdo os 47 anos de Joe Biden no público serviço".

Kamala Harris foi ela mesma, com sua personalidade agora familiar, deliberada, polida e teatral, que nunca foi minha preferência. Se você gostava dela antes, provavelmente amou a performance dela no debate. Se você não gostava dela nos debates anteriores, provavelmente a detestou neste. Durante as primárias presidenciais, Harris recebeu muitos elogios da imprensa por suas atuações em debates, mas. . . essas performances de debate nunca se transformaram em muito apoio nas pesquisas além de um impulso inicial. Sempre houve uma lacuna entre o quanto a imprensa ama Harris e o quanto o eleitorado em geral ama Harris.

O papel de um candidato a vice-presidente costuma ser o de um cão de ataque, e Harris adorou desempenhar esse papel esta noite, possivelmente às custas de qualquer outro objetivo. Susan Page fez uma pergunta justa, importante e aberta sobre como um governo Biden-Harris veria a China. Harris voltou imediatamente às críticas que já havia feito a Trump sobre a pandemia e a economia, e nunca realmente abordou essa questão. A questão é que não deveria haver muito o que evitar neste tópico! Se você vai ser duro com a China, diga que vai ser duro com a China. Se você acha que a China foi injustamente demonizada e pretende reconstruir o relacionamento com Pequim, diga isso! Mas não responder sugere que a campanha de Biden realmente não pensou em como lidar com o relacionamento estrangeiro mais importante que os EUA têm neste momento.

Finalmente, no final da noite, Pence a questionou sobre a proposta de aumentar o número de juízes da Suprema Corte (identificado na expressão "packing the Court"), e ela disse: "vamos falar sobre 'packing the Court'", mas ela não respondeu à pergunta.

Mike Pence teve uma boa noite. Ele teve uma boa noite no debate dos candidato à vice-presidência há quatro anos. Mas sua vitória sobre Tim Kaine há quatro anos não foi realmente um momento-chave na história da campanha de 2016, e seu bom desempenho na noite desta quarta-feira provavelmente não será um momento-chave na história da campanha de 2020.

*Jim Geraghty é o correspondente político sênior da National Review.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.