A fome e a desnutrição estão matando 6 milhões de crianças por ano, alerta um relatório anual da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado nesta terça-feira. O número equivale ao de todas as crianças em idade pré-escolar de um país grande como o Japão.
Nos últimos dez anos, a comunidade internacional não tem conseguido implementar políticas de combate à fome num ritmo que permita o cumprimento das metas estabelecidas pela ONU para 2015. A FAO, porém, cita a América Latina como uma exceção.
"O progresso na direção de se reduzir o número de pessoas famintas nos países em desenvolvimento à metade até 2015 tem sido lento", diz o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, na abertura do relatório. "Se cada região em desenvolvimento continuar a reduzir a fome no ritmo atual, apenas a América do Sul e o Caribe vão atingir o objetivo incluído nas Metas de Desenvolvimento do Milênio, de cortar a proporção de pessoas famintas à metade. Nenhum vai alcançar a meta mais ambiciosa da Cúpula Mundial da Alimentação (1996) de reduzir á metade o número de pessoas com fome."
O relatório "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo" usa dados de 2004, que estimam em 852 milhões o número de desnutridos no período de 2000 a 2002.
A FAO está pedindo a adoção de uma abordagem em duas frentes contra a fome: assegurar melhorias na agricultura dos países pobres, enquanto se continua a fornecer ajuda alimentar a populações vulneráveis, como mulheres e crianças.
Mais da metade das 6 milhões de mortes de crianças relacionadas pela FAO não é devida diretamente à fome, mas a problemas neonatais e doenças como diarréia, pneumonia, malária e sarampo, que seriam facilmente curadas se as vítimas não estivessem enfraquecidas pela desnutrição.
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