Genebra - O número de pessoas em situação de fome no mundo caiu em 2010 pela primeira vez em 15 anos, graças em parte à redução dos preços dos alimentos. No entanto, o mundo ainda está longe de cumprir o objetivo estipulado nas Metas do Milênio.
Dados divulgados ontem pela agência da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO) revelam que o número de subnutridos caiu 9,6%, para abaixo do número simbólico de 1 bilhão de pessoas, atingindo 925 milhões.
Mas a agência não comemorou. "Trata-se de um número inaceitável, disse o diretor-geral da entidade, Jacques Diouf. "A cada dez segundos, uma criança morre devido à desnutrição. A fome é a maior tragédia da humanidade, um escândalo, afirmou.
A FAO atribui parte desse resultado à queda no preço dos alimentos após o pico atingido em 2008 o que gerou distúrbios em diversos países em desenvolvimento , e às boas colheitas de cereais e arroz neste ano.
O relatório relata progressos na batalha para acabar com a fome, apesar de problemas gerados pela seca deste ano na Rússia.
Esse fato e as enchentes que devastaram plantações no Paquistão são tidos por alguns como sinal de alarme de que os problemas ocorridos há dois anos podem ser reavivados.
À época, uma alta na demanda por biocombustíveis e o aumento no preço do petróleo receberam grande parte da culpa pelos problemas. Por outro lado, o relatório alerta que o mundo está longe de alcançar a primeira dentre as chamadas Metas do Milênio, que prevê a redução da subnutrição em países em desenvolvimento de 20% no período 1990-1992 para 10% em 2015. Atualmente, esse índice está em 16%, em comparação aos 18% de 2009.
Líderes de todo o mundo devem declarar, em reunião da ONU na próxima semana, que a série de metas estabelecidas para reduzir a pobreza e a fome em todo o mundo drasticamente até 2015 são alcançáveis, segundo um rascunho da declaração.
O representante da FAO para América Latina e Caribe, José Graziano, diz acreditar ser possível atingir a Meta do Milênio e chegar à proporção de 10% de subnutridos em países em desenvolvimento em 2015. "Se conseguirmos continuar reduzindo 100 milhões de pessoas por ano, nós cumpriremos a meta de reduzir pela metade a proporção [de subnutridos], disse.