Centros de distribuição emergencial de alimentos no leste da África, devastado pela seca, estão sobrecarregados pela chegada todos os dias de milhares de pessoas famintas. As mães são forçadas a abandonar pelas estradas seus filhos mortos ou à beira da morte, disseram nesta segunda-feira funcionários dos serviços de ajuda.

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A diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos da ONU, Josette Sheeran, disse à imprensa em Roma que uma combinação fatal de desastre natural e conflito regional criou uma situação de emergência que afeta mais de 12 milhões de pessoas.

"Vemos que todos os postos capazes de distribuir comida estão completamente sobrecarregados... nosso alimento não dá conta, por isso estamos distribuindo por via aérea mais suprimentos para salvar vidas", disse ela.

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"Queremos nos certificar de que os suprimentos estão lá, ao longo da estrada, porque algumas delas estão se tornando estradas da morte onde mães têm de abandonar os filhos fracos demais ou que morreram durante o caminho", afirmou.

Ela disse que um acampamento em Dadaab, no Quênia, por exemplo, construído para abrigar 90 mil pessoas está agora com 400 mil.

Ministros e autoridades se reuniram na Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), em Roma, nesta segunda-feira, para analisar como mobilizar ajuda para enfrentar a pior seca em décadas em uma região que se estende da Somália à Etiópia, Quênia e Djibouti.

O Programa Mundial de Alimentos informou necessitar com urgência de recursos extras de 360 milhões de dólares. A Oxfam avaliou que, no total, será preciso de outro 1 bilhão de dólares para lidar com a situação.

Em um comunicado, o Banco Mundial disse estar destinando mais de 500 milhões de dólares para ajuda às vítimas da seca, além de 12 milhões de dólares em auxílio imediato para os que estão em pior condição.

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Em meio a alertas sobre a necessidade de ação urgente para impedir que um desastre humanitário se espalhe pelo Chifre da África, autoridades disseram haver ainda uma chance de apoiar as pessoas e ajudá-las a retomar sua vida como camponeses e pescadores.

A OMS e governos do mundo todo vêm sendo criticados pela lenta reação à tragédia, mas eles enfrentam grandes dificuldades para enviar ajuda a uma região imersa em conflitos violentos, que abrange boa parte do sul da Somália.

A ONU declarou que há fome em duas regiões da Somália e alertou que a crise pode se espalhar para outras áreas.

Anos de conflito anárquico no sul da Somália exacerbaram a situação de emergência, impedindo que entidades humanitárias levassem ajuda às comunidades locais. Quase 135 mil somalis abandonaram a área desde janeiro, na maioria em direção ao Quênia e Etiópia.

O programa da ONU informou que não tem como entrar em contato com mais de 2 milhões de somalis à beira da fome em áreas controladas por militantes islâmicos, que proibiram a entrega de ajuda em 2010 e costumam ameaçar as entidades humanitárias.

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