Somalis aguardam registro para entrar em centro de refugiados depois de caminharem longas distâncias para fugir da fome| Foto: Tony Karumba/AFP

Instabilidade

A maioria dos refugiados não volta para casa, diz Acnur

Menos de 20% dos refugiados no mundo voltam aos seus países de origem, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Há dois anos, um milhão de refugiados retornavam à terra natal. Atualmente, o número é inferior a 200 mil, segundo o alto comissário das ONU para Refugiados, António Guterres, que está em visita ao Brasil.

De acordo com Guterres, os conflitos e as crises que provocam a expulsão da população de seus países estão cada vez mais duradouros e sem perspectiva de solução, o que dificulta o retorno dessas pessoas. "Por enquanto, parece que estamos em um mundo descontrolado, à deriva. As crises estão imprevisíveis", disse ele, durante reunião com integrantes do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça.

O comissário mostrou preocupação com as situações na Líbia, Síria, Costa do Marfim e no Sudão, onde milhares de pessoas estão fugindo por causa de conflitos com os governos locais, e, principalmente na Somália, onde grande parte da população passa fome.

Para o secretário executivo do ministério e presidente do comitê, Luiz Paulo Barreto, quanto mais tempo o refugiado fica fora de seu país, mais aumenta a chance de permanecer em outras nações por estabelecer laços com o local onde foi acolhido, como se casar ou ter filhos.

"Ele (refugiado) cria raízes novas, passa a fazer parte da sociedade, se abrasileirar", disse, ao lembrar os casos de pessoas que deixaram a Angola, por exemplo, com destino ao território brasileiro. Segundo o Conare, o Brasil abriga 4.432 refugiados de 77 nacionalidades, sendo 64% provenientes da África.

Folhapress

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A fome no Chifre da África, que já matou milhares de pessoas, poderá em breve se espalhar pa­­ra seis outras regiões, alertou on­­tem a chefe da missão humanitária da ONU, Valeria Amos. Crian­­ças e adultos subnutridos estão morrendo enquanto caminham para campos de refugiados.

A ONU calcula em US$ 1,4 bi­­lhão os recursos necessários para impedir a progressão da tragédia. "Cerca de 12,4 milhões de pes­­soas no Quênia, Etiópia, So­­mália e Djibuti necessitam de ajuda e a situação está piorando", disse Amos em comunicado à imprensa. "Se não formos ca­­pa­­zes de controlar esse processo agora, poderá espalhar-se para cinco ou seis outras regiões dentro da Somália", acrescentou.

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A ONU não tem uma cifra es­­pecífica das mortes causadas pela fome por causa das dificuldades em obter informações de regiões remotas da Somália, muitas das quais são controladas por insurgentes islâmicos em conflito com o governo.

"São longas distâncias e as pes­­soas estão em um estado de subnutrição, particularmente crianças, que estão morrendo quando caminham para buscar comida", informou Amos.

Próximo país

Na avaliação das Nações Unidas, Uganda poderá ser o próximo país atingindo pelas taxas alarmantes de subnutrição por causa da seca. Bolsões onde predomina a insegurança alimentar foram identificados em áreas afetadas pela estiagem no norte de Ugan­­da, terceira maior economia do leste da África, segundo a Orga­­nização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO).

Segundo Sandra Aviles, re­­presentante da FAO, cerca de 600 mil pessoas no norte de Uganda, uma área propensa a secas, en­­frentam atualmente insegurança alimentar moderada, correspondente à fase 2 numa escala da ONU na qual o nível 5 significa fome.

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Duas regiões do sul da So­­má­­lia foram declaradas áreas de fo­­me, mas em breve poderão ser acrescidas outras seis partes do país, onde imperam conflitos e desordem, disse na segunda-feira o diretor do órgão de ajuda hu­­manitária da ONU.

Crianças

A ONU fez um apelo para que aviões cargueiros concedam es­­paço gratuito ou com forte desconto para transporte de víveres destinados às crianças da região.

"Há mais de 2,3 milhões de crianças com subnutrição aguda no Chifre da África. Mais de meio milhão irá morrer se não receber ajuda nas próximas semanas," afirmou Marixie Mercado, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).