Pessoas se reúnem em templo para comemorar a chegada do Ano Novo, 1 de janeiro, em Pequim, China| Foto: EFE/EPA/WU HONG
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A política de Covid zero da China tem causado frustração e dificuldades para os 13 milhões de habitantes da cidade de Xi'an, que estão sob lockdown desde 23 de dezembro passado.

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O confinamento é o maior e mais rígido na China desde as restrições impostas em Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes, no início de 2020, após a descoberta do novo coronavírus.

Segundo relatos nas redes sociais e na imprensa internacional, os cidadãos de Xi'an estão com dificuldades de conseguir itens básicos e já enfrentam falta de alimentos, embora as autoridades tenham dito que iriam oferecer mantimentos e cuidados de saúde para os moradores da cidade.

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"Não posso sair do prédio e está cada vez mais difícil comprar comida online", disse um morador de Xi'an na rede social Weibo, segundo noticiou a Associated Press (AP). Outros residentes usaram a plataforma para reclamar que não podem sair de casa e conseguir alimentos e outros itens de necessidade básica.

As novas restrições reforçaram as regras anteriores, que permitiam que um morador de cada residência saísse de casa a cada dois dias para comprar itens essenciais, de acordo com a AP. Agora, todos devem ficar em casa, a não ser que tenham permissão para sair para fazer exames. As viagens com origem ou destino em Xi'an foram suspensas, com algumas exceções.

Um vídeo que mostra guardas agredindo um homem que tentava levar comida para um edifício residencial foi amplamente compartilhado e causou indignação entre os cidadãos. Os agentes pediram desculpas ao homem, segundo relatos.

Na semana passada, uma transmissão ao vivo de uma entrevista coletiva do governo de Xi'an foi inundada de comentários de residentes que denunciaram a incompetência das autoridades na gestão da pandemia, o que levou as autoridades a desabilitar todos os comentários da transmissão nas redes sociais, relatou a CNN.

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Apesar da censura, os cidadãos continuaram a expressar sua frustração com as regras draconianas pelo Weibo, plataforma semelhante ao Twitter, que é proibido no país. Muitos reclamam por não ter conseguido estocar mantimentos com antecedência, porque as autoridades locais garantiram que não havia necessidade para pânico e que os estoques de alimentos eram suficientes.

A imprensa estatal noticia que as autoridades estão transportando toneladas de vegetais e outros alimentos de províncias vizinhas para atender as necessidades dos moradores de Xi'an durante o confinamento. Alguns residentes recebem pacotes de alimentos gratuitamente, segundo a mesma fonte.

Duas autoridades do alto escalão do Partido Comunista foram removidas de seus postos em Xi'an devido a "insuficiente rigor em prevenir e controlar o surto" de Covid-19, relata a mídia estatal.

Todos os casos positivos de Covid-19 em Xi'an estão sendo levados a hospitais para tratamento e isolamento.

Nesta terça-feira, o Partido Comunista exigiu que as autoridades locais implementem as restrições de forma "rígida e adequada".

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"Os vários trabalhos que precisam ser feitos devem apenas ser reforçados", afirmou Liu Guozhong, diretor do partido na província de Shaanxi. Ele disse que nenhum caso deve ser ignorado durante a testagem em massa na capital da província e que a vigilância deve garantir que os cidadãos obedeçam as regras.

O vice-diretor do Centro de Prevenção e Controle de Doenças da cidade, Chen Zhijun, disse hoje ao jornal The Paper que "o bloqueio só será suspenso quando não houver mais casos de Covid-19".

"Temos um objetivo, que é atingir 'zero casos' de Covid-19 através da transmissão local. Vamos suspender gradualmente as restrições quando chegarmos lá", disse Chen.

Humilhação pública

Na semana passada, a polícia de Jingxi, na província de Guangxi, obrigou quatro pessoas que supostamente violaram regras do lockdown a desfilar pelas ruas da cidade com placas penduradas no pescoço com suas fotos e nomes e vestindo trajes de proteção.

Os quatro homens foram condenados por transportar pessoas ilegalmente pela fronteira. Um jornal local estatal relatou que a ação de humilhação pública foi elaborada para coibir "crimes de fronteira", incluindo a travessia ilegal das fronteiras fechadas por causa da pandemia, noticiou o The Guardian.

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A prática de exibir publicamente condenados com placas no pescoço, muito usada durante a Revolução Cultural, liderada por Mao Tsé-Tung, já havia sido banida no país, mas tem ressurgido em meio à política de Covid zero na China.

Sem "Covid zero"

A política de Covid zero da China irá fracassar, avalia o Grupo Eurasia, empresa de consultoria de risco global.

"O uso contínuo de lockdowns agressivos para frear a transmissão irá levar a uma maior reação pública negativa e transtornos na economia" no país, afirma o relatório anual do grupo, publicado na segunda-feira (3).

A análise afirma que a China irá enfrentar as variantes mais transmissíveis do coronavírus sem as vacinas mais eficazes e com uma parcela muito menor da população que já teve infecções prévias.

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"A política da China irá fracassar em conter infecções, irá levar a surtos maiores e exigir lockdowns mais severos. Isso significa maiores perturbações econômicas, menor consumo e uma população mais insatisfeita, em conflito com a narrativa triunfalista de que 'a China derrotou a Covid' promovida pela mídia estatal", diz o Grupo Eurasia.

Lockdown após 3 casos assintomáticos

Autoridades chinesas anunciaram na segunda-feira um lockdown em Yuzhou, uma cidade de 1,2 milhão de habitantes na província de Henan, após a detecção de três casos assintomáticos de Covid-19. Todos os moradores da cidade terão que ficar dentro de casa e haverá vigilância na entrada das comunidades residenciais. As regras variam de acordo com as regiões da cidade.

Todas as lojas e locais de lazer foram fechados e apenas estabelecimentos que oferecem serviços essenciais podem funcionar. O transporte público foi suspenso e os carros não têm permissão para circular, com exceção dos veículos de emergência.

Contágios

A província de Shaanxi, cuja capital é Xi'an, relatou 92 casos de transmissão local de Covid-19 no domingo, 90 deles em Xi'an, segundo os dados oficiais. O número representa a maioria dos 101 casos da infecção registrados em toda a China no mesmo dia.

Desde 9 de dezembro, foram registrados 1.690 transmissões locais do coronavírus na província, incluindo 1.663 em Xi'an, disseram as autoridades de saúde locais na segunda-feira.

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A China registrou oficialmente um total de 102.841 casos de Covid-19 e 4.636 mortes pela doença desde o início da pandemia.

A comissão de saúde da província de Shaanxi admitiu que houve falhas no fornecimento de serviços aos moradores da capital que estão em quarentena.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]