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A longa disputa entre os pré-candidatos republicanos à Presidência dos Estados Unidos pela indicação do partido está sendo uma injeção de óleo nas engrenagens da máquina democrata pela reeleição do presidente Barack Obama.

Enquanto Mitt Romney, Rick Santorum, Newt Gingrich e Ron Paul trocavam farpas nos últimos dois meses, aprofundando a divisão entre os eleitores republicanos, Obama entrou agressivamente em campanha. Capitalizou a recuperação da economia, utilizou os ataques entre os adversários em benefício próprio e acumulou doações, pavimentando sua recondução, em novembro, à Casa Branca.

O resultado é atestado por números. Na última pesquisa nacional "Wall Street Journal"/NBC, divulgada anteontem, o presidente atingiu sua maior popularidade desde maio de 2011, quando Osama Bin Laden foi morto, com 50% de aprovação. Entre os entrevistados, 57% acreditam que o pior da crise econômica já passou e 55% acreditam que os democratas têm mais potencial para atrair à sua base eleitores sem inclinação política definida e indecisos.

"São as melhores notícias para Obama em anos. Ele se engajou numa campanha agressiva com os recursos que não utilizou nos primeiros anos de governo (como os discursos apaixonados). E está sendo muito beneficiado pelos ataques e pela guinada à direita dos republicanos, ele tem sabido responder com habilidade", afirmou o pesquisador Norman Ornstein, do American Enterprise Institute.

O resultado da briga interna tem sido catastrófico para a oposição: 40% dos entrevistados no levantamento do WSJ/NBC disseram que esta primeira fase das primárias piorou sua percepção sobre o Partido Republicano. E o candidato mais bem posicionado, Mitt Romney, tem uma avaliação favorável de apenas 28% do eleitorado.

Os pré-candidatos republicanos falharam ainda na apresentação de um programa de recuperação econômica sedutor, focado na criação de empregos. Obama aproveitou a brecha. Dirigiu a plateias de trabalhadores falas inflamadas em defesa de sua política social e rodou o país propagando as boas notícias da economia, como a menor taxa de desemprego em quatro anos e a recuperação da liderança da indústria automobilística americana.

Obama também tem atuado fortemente para produzir contrapontos nos estados onde as primárias republicanas são conduzidas. Ontem, por exemplo, enquanto a Super Terça ocorria de Norte a Sul do país, o presidente agendou a primeira entrevista coletiva em quatro meses e anunciou um novo plano de incentivos a mutuários com dificuldades para refinanciar a casa própria, assunto caro a eleitores que estavam indo às urnas, como os de Geórgia e Idaho.

Ele aproveitou a chance ainda para pontuar que seu trabalho não é "ficar sentado fazendo nada" enquanto os americanos precisam de auxílio (em crítica velada à adoração republicana pelas soluções de mercado), deu declarações favoráveis às mulheres e reafirmou o compromisso com uma reforma da lei de imigração que atenda aos interesses de estrangeiros e americanos. Sobre as críticas de Romney, de que não age com força suficiente, reagiu como bom humor. Perguntado sobre o que diria ao rival republicano, respondeu: "Boa sorte hoje!", referindo-se à Super Terça.

Os democratas também colhem louros na arrecadação. A máquina democrata já levantou US$ 151,4 milhões em doações, pouco menos do que todos os nove pré-candidatos republicanos. Romney, o mais bem-sucedido opositor, fez um caixa de US$ 63,6 milhões.

"Ainda temos oito meses pela frente, mas a tendência geral é muito favorável a Obama, incluindo as perspectivas nos maiores swing states (sem preferência partidária definida), como Ohio e Flórida. Ele não tem um grande escândalo a ser explorado, não vai lidar com recessão ou economia declinante em 2012, tem um discurso de política externa forte, puxado pelo assassinato de Osama bin Laden, e tem apelo a grupos sociais", disse o professor Allan Lichtman, do Departamento de História da American University.

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