Com a presidente argentina Cristina Kirchner afastada da cena política, diferentes setores do seu partido, a Frente para la Victoria (FPV), alinham as estratégias para ganhar poder após as eleições legislativas do próximo domingo. O foco é a disputa pela Presidência do país em 2015.
Cristina, operada recentemente de um hematoma craniano, permanece afastada da frente política em plena campanha eleitoral. Nesse cenário, quem vem ganhando força é o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que nunca escondeu suas aspirações para ocupar o cargo de presidente.
Com o apoio de membros do governo, como o chefe de gabinete Juan Manuel Abal Medina, os ministros Julio de Vido (Planejamento) e Hernán Lorenzino (Economia), e o vice-presidente Amado Boudou, Scioli representa a ala mais moderada do kirchnerismo.
"Scioli está vivendo seus dias de glória, já que a presidente não está no comando. O problema é que isso tem prazo de validade", afirma Jorge Arias, da empresa de consultoria PoliLat. De acordo com o analista, "como o barco está sem comando, ele [Scioli] pode se aproveitar da sua boa imagem pública e suas boas relações com os outros peronistas".
Outro nome que surgiu com força nos últimos dias foi o de Sergio Urribarri, governador da província de Entre Ríos. Urribarri é apoiado por Carlos Zannini, secretário Jurídico e Técnico da Presidência e representante da ala mais radical do kirchnerismo. A intenção de Zannini e dos representantes do "cristinismo" seria que Urribarri ocupasse a chefia de gabinete, tirando Abal Medina, para depois transformá-lo em seu afilhado político.
O governador de Entre Ríos teria também o apoio de La Cámpora, a ala jovem do FPV, liderada por Máximo Kirchner, filho mais velho da chefe de Estado. "Agora, aparece essa figura [Urribarri] muito mais provável que Scioli, já que estão buscando alguma maneira de assegurar a continuidade do projeto kirchnerista no governo", afirma Jorge Arias.
Reorganização
Para o analista político, tudo será reorganizado quando a presidente voltar. Apesar da doença de Cristina supor uma recuperação de seus níveis de popularidade, o fechamento ou não com honras no governo dependerá, segundo o especialista, "de sua atitude" uma vez reintegrada às tarefas à frente do Executivo.
"A sociedade está esperando que ela seja um pouco mais aberta, que escute um pouco mais a voz das urnas e da democracia. A presidente ficou muito fechada naqueles 54% de 2011 e tudo parece indicar que essa porcentagem vai ter uma grande queda no próximo domingo", acredita Arias.
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