Os piratas somalis que atuam no Golfo de Áden e no Mar da Arábia são verdadeiras forças paramilitares, bem equipadas e altamente profissionais, afirmou o comandante das forças marítimas francesas do Oceano Índico, almirante Gérard Valin.
Segundo ele, os piratas são equipados com kalashnikov, fuzis de assalto, lança-foguetes RPG-7, GPS e telefones por satélite.
"Estes supostos pescadores precisam de apenas 15 minutos para invadir um navio de grande porte e fazer todos os tripulantes de reféns", comentou o almirante Valin para a agência de notícias "France Presse".
Segundo ele, os piratas recorrem agora a "navios-mãe", como velhos cargueiros que podem rebocar até quatro "skiffs" rápidos.
O almirante destacou que, em alguns casos, helicópteros militares franceses deram o alerta depois de terem detectado a presença de escadas a bordo destas pequenas embarcações. "Não se pesca com escadas", comentou.
De acordo com os militares franceses, os ataques de navios por piratas se multiplicaram na região. Desde o início deste ano, foram 133, sendo 39 bem-sucedidos. Nos três anos precedentes, foram 70 ataques, 31 dos quais bem-sucedidos. A ONU afirmou que na costa da Somália aconteceram 65 sequestros em 2008.
Os números dados pelo Birô Marítimo Internacional (BMI) apontam que pelo menos 92 navios foram atacados por piratas somalis no Oceano Índico e no Golfo de Áden desde o início de 2008. Destes 92 ataques, 36 foram bem-sucedidos. Onze ataques foram registrados na região entre os dias 10 e 16 de novembro, segundo o BMI.
Cerca de 16 mil navios passam a cada ano pelo estreito de Bab el Mandeb, entre o Golfo de Áden e o Mar Vermelho, por onde transita quase 30% do petróleo bruto mundial.
A zona de influência dos piratas, outrora limitada ao Golfo de Áden, foi ampliada em setembro, quando uma segunda "frente" foi aberta mais ao sul, numa área de 400 milhas náuticas (740 km ) ao largo de Mogadiscio. Seis ataques foram perpetradas em um mês nesta segunda zona.
No entanto, os piratas somalis também atuam ainda mais longe de suas bases. O Sirius Star, um superpetroleiro saudita, foi capturado sábado mais de 450 milhas náuticas (800 km) ao audeste de Mombaça (Quênia).
Para as dezenas de navios de guerra presentes na região, "o principal objetivo é impedir os piratas de invadirem os navios mercantes e fazerem os tripulantes de reféns", explicou o almirante Valin.
"Expulsá-los à força (destes navios) é uma operação complexa, que exige meios importantes para minimizar ao máximo os riscos, tanto para os reféns como para os comandos e os próprios piratas", acrescentou. "Não estamos em guerra contra forças armadas tradicionais, mas contra criminosos que fazem negócios com reféns e que devem ser capturados vivos para serem julgados", finalizou o almirante francês.