A Rússia vai alterar a estratégia militar que utiliza no leste europeu por causa da presença da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), afirmou ontem Mikhail Popov, secretário adjunto do Conselho de Segurança Nacional da Rússia.
A aliança militar ocidental anunciou na última segunda-feira a criação de uma força-tarefa com 4 mil soldados para uma possível reação ao movimento russo no leste da Ucrânia, onde forças do governo combatem separatistas alinhados com a Rússia.
O plano, que ainda deve ser aprovado em uma reunião dos 28 membros da aliança no País de Gales nesta semana, "demonstra que os líderes dos Estados Unidos e da Otan querem continuar com a política de agravar as tensões com a Rússia", disse Popov à agência Ria Novosti.
"Quando a doutrina de defesa da Rússia for atualizada neste ano, entre as ameaças militares estrangeiras será incluído o plano da Otan de ampliar a presença em nossa fronteira", afirmou o secretário adjunto.
Na reunião da Otan em Gales, amanhã e sexta-feira, os líderes da aliança pretendem adotar um plano de ação para dar segurança aos países aliados do leste europeu, que consideram estar sob ameaça da Rússia.
A Otan mobilizará "forças de reação extremamente rápida, com capacidade de deslocamento em um prazo de tempo muito curto", afirmou na segunda-feira o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen. A Ucrânia e aliados ocidentais acusam a Rússia de ajudar os rebeldes, enviando armas e soldados, o que Moscou nega.
Negociação
O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse ontem que a decisão da Ucrânia de querer fazer parte da Otan mina os esforços para acabar com a guerra no leste do país.
De acordo com o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, Kiev vai pedir ao Parlamento que o país abandone o status de "não-alinhado", o que abre caminho para o processo de adesão à Otan.
As conversas entre representantes ucranianos, separatistas e russos em Minsk, na última segunda-feira, terminou sem acordo.
A negociação deve recomeçar na próxima sexta-feira. Para Lavrov, as conversas em Minsk podem ser um exemplo de como buscar a solução pelo compromisso e não "impondo um ponto de vista".
1 milhão de pessoas tiveram de abandonar suas casas para escapar do conflito na Ucrânia são agora deslocados internos ou refugiados , de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Contexto
Um comentário de Putin, de que a Rússia poderia capturar Kiev em duas semanas, foi colocado fora do contexto, disse ontem o assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, para quem as palavras tinham "outro significado". A frase foi dita ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, segundo o jornal italiano La Repubblica.