Joe Biden discursa em evento na Casa Branca, 26 de janeiro| Foto: MANDEL NGAN / AFP
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Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, conversaram por telefone na noite de quarta-feira (10). Comércio, livre navegação, pandemia, Taiwan e abusos de direitos humanos foram alguns dos temas tratados no primeiro telefonema entre os dois líderes desde que o democrata assumiu a Casa Branca.

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Em um comunicado, a Casa Branca informou que Biden salientou suas prioridades de “proteger a segurança, prosperidade, saúde e modo de vida do povo americano, e preservar um Indo-Pacífico livre e aberto”. Os dois líderes também trocaram opiniões sobre o combate à pandemia da Covid-19 e os desafios comuns de segurança sanitária global, mudanças climáticas e prevenção da proliferação de armas.

Xi, segundo a mídia estatal chinesa, disse a Biden que a cooperação é a única escolha certa para ambos os lados. "Você disse que a América pode ser definida em uma palavra: possibilidades. Esperamos que as possibilidades apontem agora para uma melhoria das relações China-EUA", disse Xi ao americano, salientando que as duas nações perdem com o confronto.

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Após a conversa, Biden, que na semana passada disse que a China era o “concorrente mais sério” dos EUA, tuitou: “Disse a ele [Xi] que vou trabalhar com a China quando isso beneficiar o povo americano”.

O comunicado da Casa Branca também informou que Biden destacou preocupações fundamentais dos EUA, como “a repressão em Hong Kong, os abusos dos direitos humanos em Xinjiang e as ações [da China] cada vez mais assertivas na região, inclusive em relação a Taiwan”.

Contudo, a resposta do presidente chinês em relação a esses tópicos continua a mesma: são assuntos internos da China, que dizem respeito à soberania e integridade territorial do país. “A China e os EUA terão visões diferentes sobre certas questões e a chave é respeitar um ao outro, tratar uns aos outros com igualdade e gerenciar e lidar com as questões de maneira construtiva”, disse Xi, segundo a agência de notícias Xinhua – uma mensagem bem clara de que o assunto deve ficar de fora de negociações bilaterais.

Estratégia comercial

Entre os principais problemas da relação entre as duas maiores economias do planeta estão as “práticas econômicas coercitivas e injustas de Pequim”. Um funcionário do governo Biden afirmou nesta semana à imprensa que uma equipe da Casa Branca está analisando “as fontes de influência que temos na frente econômica” e que, por enquanto, as tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump sobre US$ 370 bilhões em produtos importados da China devem continuar em vigor. Depois desta análise, o governo americano deve avançar “com uma estratégia comercial mais nítida e eficaz em relação à China, fora da linha de base das tarifas existentes, não retirando todas elas imediatamente”, segundo informou o funcionário sênior da equipe de Biden.

As diferenças em relação à política adotada pelo governo Trump devem começar a aparecer a partir daí, já que a administração Biden pretende desenvolver um plano em parceria com os aliados americanos para fazer frente às ameaças de Pequim, principalmente em questões tecnológicas. Em suas primeiras semanas de governo, o novo presidente dos EUA tem conversado com aliados na Europa e na Ásia – um sinal de reaproximação depois de quatro anos de relações estremecidas sob a liderança de Trump. Uma das estratégias será bloquear o acesso da China a tecnologias críticas.

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Força-tarefa da Defesa

Biden também planeja continuar a pressão militar sobre a China. Os Estados Unidos iniciaram nesta semana exercícios militares no Mar da China, território disputado por vários países asiáticos e motivo de tensão constante entre americanos e chineses. Na semana anterior, um navio de guerra americano cruzou o Estreito de Taiwan, em sinal de apoio ao governo democrático da ilha, considerada uma província chinesa rebelde pelo Partido Comunista Chinês. A movimentação nessas águas se tornou mais frequente no governo Trump e, ao que tudo indica, continuará assim sob Biden, já que os EUA as consideram “operações de liberdade de navegação cujo objetivo é garantir que todas as nações possam usar hidrovias e rotas aéreas internacionais”.

Também no campo militar, o presidente democrata anunciou a formação de uma força-tarefa do Departamento de Defesa para fazer uma avaliação básica das políticas, programas e processos do DoD “em relação ao desafio que a China representa”. Ely Ratner, assistente especial do Secretário de Defesa Lloyd J. Austin III, liderará este esforço.

Segundo informações no site do Departamento, a força-tarefa examinará tópicos de alta prioridade, incluindo estratégia, conceitos operacionais, tecnologia e estrutura da força militar, postura, gerenciamento e inteligência da força militar. Um exemplo que se encaixa nesta descrição, conforme citou o Wall Street Journal, é a avaliação da necessidade e da frequência das patrulhas de superfície e aéreas na região para conter as reivindicações marítimas da China no Mar do Sul da China.

Além disso, os 15 membros da força-tarefa vão avaliar as alianças e parcerias dos EUA e seus impactos nas relações sino-americanas e nas relações do DoD com a China. Eles terão quatro meses para desenvolver e apresentar recomendações aos chefes da Defesa americana. Austin e a recém-empossada Secretária Adjunta de Defesa, Kathleen H. Hicks, consideram a China uma ameaça particularmente preocupante à estratégia de defesa dos EUA.

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