As Forças Armadas da Venezuela (FANB) ratificaram sua "absoluta lealdade e apoio incondicional" ao ditador Nicolás Maduro e rejeitaram categoricamente as declarações e "apelos à violência" feitos nos últimos dias pelo que definiram como "pseudolíderes de setores extremistas" do movimento antichavista, sem especificar nenhum fato ou identificar pessoas.
"A FANB reitera sua rejeição mais absoluta e contundente a esse tipo de convocação para um golpe e desestabilização, à qual responderemos com firmeza e determinação para derrotar a intriga e a instigação quantas vezes forem necessárias, como fizemos no passado", disse o Ministério da Defesa em um comunicado no qual se referiu a "convocações para desobediência civil", sem revelar quais.
Na manifestação, lida em uma transmissão nacional pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino, as forças armadas descreveram como "incomum" que "algumas figuras tristemente lembradas no cenário político nacional continuem a patrocinar" sanções contra a Venezuela, bem como a promover "apelos à desobediência civil" ou a incitar a divisão da instituição militar.
"Está claro que a matilha imperial e seus aliados subordinados, tanto dentro quanto fora da Venezuela, estão retomando com maior ímpeto o conhecido roteiro de interferência, intervencionismo, incitação ao ódio e, acima de tudo, manipulação da mídia", diz o texto.
A FANB ainda afirmou que essas ações têm como objetivo "polarizar e fragmentar a sociedade mais uma vez diante das eleições presidenciais programadas para o curto prazo", razão pela qual convocou os cidadãos à "paz, diálogo e união".
"Estamos absolutamente certos de que a alta consciência política que o povo venezuelano alcançou não nos permitirá cair nas provocações polarizadoras e violentas orquestradas por aqueles que desejam nos submeter a cenários de terror, angústia e agitação", acrescenta o comunicado.
Na segunda-feira (21), a justiça venezuelana emitiu um novo mandado de prisão contra o ex-prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e iniciará um processo para solicitar sua extradição à Espanha, onde ele está exilado desde 2017.
O procurador-geral, Tarek William Saab, explicou na ocasião que essa nova ordem de prisão contra o ex-prefeito — que fugiu da Venezuela em 2017, violando a prisão domiciliar que cumpria por acusações de conspiração — se deve a declarações recentes em que ele falou de planos de "desobediência civil" no país.
Perseguição política
Na última terça-feira (22), a oposição venezuelana iniciou a campanha política para as primárias de outubro, que definirão o representante que vai enfrentar o chavismo governista nas eleições presidenciais de 2024.
Desde o início da corrida eleitoral, opositores do ditador Nicolás Maduro têm denunciado ações repressivas contra suas campanhas pelo país.
No dia 7 de agosto, a pré-candidata favorita para as primárias, María Corina Machado, afirmou que o regime usa as Forças Armadas do país para uma "perseguição política" aos candidatos que viajam em busca de votos para o pleito interno.
Nesta semana, o ditador Maduro anunciou o retorno das atividades de grupos paramilitares conhecidos como Cuadrillas de Paz (em tradução livre, Esquadrões da Paz), com um discurso de defesa do país contra o "fascismo" e tentativas de golpe. (Com informações da Agência EFE)