Forças leais ao líder oposicionista Alassane Ouattara tomaram nesta quarta-feira o controle da capital da Costa do Marfim, Yamoussoukro, e avançavam na direção das cidades litorâneas de Abidjã, a maior do país, e San Pedro, em uma dramática arrancada com o objetivo de derrubar o presidente Laurent Gbagbo.
O chefe do governo paralelo de Ouattara - que reivindica a vitória no pleito presidencial - disse que Gbagbo tem apenas "horas" para deixar o poder pacificamente, depois de meses de negociações com o objetivo de desalojá-lo, após o fiasco da eleição.
"O tempo para diálogo e cessar-fogos acabou....(Gbagbo) tem algumas horas para deixar o poder pacificamente", disse Guillaume Soro, chefe de governo de Ouattara, em declarações à rádio francesa RFI.
Resistindo à pressão da União Africana e do Ocidente, Gbagbo se recusou a deixar o cargo depois da eleição presidencial de novembro, cujos resultados, certificados pela ONU, apontaram vitória de Ouattara por uma margem de 8 pontos porcentuais.
Nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impôs sanções a Gbagbo e seus aliados mais próximos, incluindo proibições de viagens e congelamento de bens.
A votação da resolução, que reitera os pedidos anteriores da ONU pela saída de Gbagbo, foi unânime.
Pelo menos 472 pessoas foram mortas desde o início do impasse, de acordo com a ONU. A crise humanitária se agrava. Somente na capital comercial, Abidjã, o conflito provocou a fuga de cerca de 1 milhão de pessoas.
A Costa do Marfim é a maior produtora mundial de cacau. As restrições à atividade desde que o conflito começou paralisaram as exportações, elevando os preços no mercado futuro ao maior patamar em 30 anos.
As forças pró-Ouattara agora controlam áreas que produzem cerca de 600 mil toneladas de cacau por ano, metade do total do país.
Moradores e fontes militares em Yamoussoukro, que oficialmente é a capital, mas na prática é pouco mais do que um retiro presidencial, disseram que as forças pró-Ouattara dominaram a cidade por volta do fim da tarde.
Um outro grupo de combatentes da oposição tomou o controle de Soubre, a última cidade importante na estrada que conduz ao porto de San Pedro, de escoamento de cacau.
Em Abidjã, jovens pró-Gbagbo mataram sete civis ao abrirem fogo em um bairro pró-Ouattara, disseram testemunhas.
À medida que o conflito se intensificava, cerca de 30 mil marfinenses e imigrantes de países vizinhos buscaram refúgio em uma missão católica superlotada na cidade de Duekoue, onde há pouco ou nenhum acesso a água, comida e atendimento médico.
Outros milhares buscaram abrigo em prédios públicos e pelo menos 112 mil cruzaram a fronteira para a Libéria.