Milhares de integrantes das forças de segurança palestinas dispararam seus fuzis e atacaram o Parlamento em Gaza na quinta-feira, em um dos maiores protestos contra o atraso dos salários desde a posse do governo do Hamas, em março.
Os manifestantes criticaram um plano do premiê Ismail Haniyeh -- também um dos líderes do grupo militante Hamas -- para fazer pagamentos apenas parciais, nos próximos dias, aos funcionários da Autoridade Palestina.
O protesto ocorreu durante uma sessão de rotina do Parlamento. Não houve feridos.
- Queremos saber quando essa tragédia vai acabar - gritou um oficial da segurança em um megafone, diante do edifício do Parlamento, no centro da Cidade de Gaza.
A maioria dos manifestantes pertence a forças leais ao movimento Fatah, do presidente moderado Mahmoud Abbas. O protesto se dispersou depois de três horas.
O novo governo não paga há três meses os salários de 165 mil funcionários públicos, porque os Estados Unidos e outros países ocidentais impuseram sanções à Autoridade Palestina, já que o Hamas se recusa a reconhecer Israel, a entregar as armas e a não violar os acordos interinos de paz.
O embargo aprofundou a crise humanitária na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Alguns manifestantes subiram no telhado do prédio do Parlamento e quebraram janelas, disseram testemunhas.
O parlamentar do Hamas Ahmed Bahar condenou o ataque. Ele disse que os manifestantes também atacaram a recepção do prédio e quebraram equipamentos eletrônicos, portas e aparelhos de ar-condicionado.
Haniyeh prometeu na terça-feira pagar os salários de um mês para 40 mil funcionários que ganham menos de 1.500 shekels (US$ 330). Também prometeu pagar um adiantamento de 1.500 shekels aos outros 125 mil funcionários.
- Os 1.500 shekels não são suficientes para pagar dívidas, comprar leite e fraldas - dizia uma faixa pendurada no portão do Parlamento.
O Hamas assumiu o governo em março, depois de derrotar o Fatah nas eleições parlamentares de janeiro. Abbas foi eleito em um outro pleito, em 2005, que não foi disputado pelo Hamas.
O não-pagamento dos salários e a disputa de poder entre o Hamas e Abbas vêm causando tensões que alguns temem que possam sair do controle. No mês passado, confrontos entre o Fatah e o Hamas em Gaza deixaram dez mortos.
O chamado quarteto de mediadores internacionais de paz, composto por Estados Unidos, União Européia, Rússia e ONU (Organização das Nações Unidas), está preparando um mecanismo para fornecer assistência humanitária sem que a ajuda passe pelo governo palestino.