Forças de segurança sírias abriram fogo perto de uma mesquita contra pessoas que compareceram a um funeral de manifestantes pró-democracia, disseram duas testemunhas neste sábado.

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Forças de segurança usaram munição real e gás lacrimogêneo para dispersar milhares de pessoas que estavam entoando canções de liberdade após se reunir perto da mesquita Omari, no bairro velho da cidade, localizada perto da fronteira com a Jordânia, disseram as testemunhas.

Dezenas de pessoas foram mortas em uma onda de protestos em toda a Síria contra o presidente Bashar al-Assad. Acusando o governo de cometer crimes contra a humanidade, um grupo sírio de defesa dos direitos humanos afirmou que pelo menos 37 mortes ocorreram em todo o país na sexta-feira.

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"O que está acontecendo na Síria é uma violação flagrante (dos direitos humanos)", afirmou, em comunicado, a Organização Nacional para os Direitos Humanos. "A segurança síria cometeu (em Deraa) o que pode ser chamado de crime contra a humanidade. Ela atirou indiscriminadamente em manifestantes e matou e feriu dezenas deles."

Após os conflitos de sexta, o Ministério do Interior da Síria alertou de que não toleraria infrações à lei e combateria os "grupos armados", informou neste sábado a agência de notícias estatal SANA.

Inspiradas nas revoltas do mundo árabe, que começaram na Tunísia e no Egito, as manifestações populares que exigem maior liberdade abalaram a Síria. Assad respondeu com uma mistura de força contra os manifestantes, acenos em direção à reforma política e concessões a muçulmanos conservadores, incluindo o fechamento do único cassino do país.

No começo deste sábado, as forças de segurança sírias usaram munição real para dispersar um protesto pró-democracia que reunia centenas de pessoas em um bairro sunita de Latakia, resultando em muitos feridos e possíveis mortos, disseram moradores locais.

Uma testemunha afirmou ter visto caminhões-pipa esguichando manchas de sangue nas ruas próximas à escola Takhasussieh, no bairro de Sleibeh, de Latakia, principal porto sírio, localizado 330 quilômetros a noroeste da capital Damasco.

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"Não podemos dar dois passos na rua sem correr o risco de ser presos. É difícil saber se há mortes, mas ouvimos muitos disparos de AK-47", afirmou um morador. "Uma coisa é certa: esse regime de assassinos está mostrando suas presas. A brutalidade é a única coisa que ele conhece."

A chefe da União Europeia para a política externa, Catherine Ashton, condenou veementemente a violência e as mortes, exortando a Síria a implementar "reformas políticas significativas".

O grupo de defesa dos direitos humanos disse em comunicado que 30 pessoas foram mortas na sexta-feira em Deraa, o epicentro dos protestos. Outras três, segundo a entidade, morreram na cidade de Homs e mais três em Harasta. A última vítima era de Douma.

Não houve comentários imediatos das autoridades sírias, que prenderam jornalistas e proibiram veículos de imprensa independentes em Latakia e em outras cidades, onde ocorreram protestos de massa contra o Partido Baath.

A legenda assumiu o poder em um golpe em 1963, proibindo qualquer oposição e impondo um estado de emergência que ainda persiste. O partido é comandado por Assad, membro da seita Alawite, que corresponde a dez por cento da população nacional.

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Assad disse que os protestos são uma conspiração estrangeira para espalhar tensões sectárias na Síria. O Ministério do Interior acusou os "conspiradores apoiados por conhecidos estrangeiros" de disparar em manifestantes para criar uma rixa entre polícia e população.

"Eles se infiltraram entre os manifestantes para plantar a discórdia entre os cidadãos e as forças de segurança. Não há mais espaço para leniência ou tolerância na execução da lei. Não permitiremos sabotagem e danos à unidade nacional", informou o Ministério.

Milhares de manifestantes em várias cidades sírias protestaram cantando: "Liberdade, liberdade, queremos liberdade." Outros gritavam: "Sacrificamos nosso sangue e nossa alma por você, Deraa."

Na cidade, onde os manifestantes fizeram uma passeata pela primeira vez em março, moradores afirmaram que as forças de segurança atiraram contra milhares de manifestantes, que atearam fogo a um edifício pertencente ao Partido Baath e destruíram uma estátua do irmão do presidente, Basil.

A Síria impediu que a imprensa reportasse a partir de Deraa.

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Com Assad, que assumiu o cargo de presidente em 2000, depois que seu pai morreu após 30 anos no poder, a Síria se tornou a maior aliada árabe do Irã, um lado atuante no Líbano e uma partidária dos grupos militantes Hamas e Hizbollah.