As desmoralizadas forças do governo congolês, antes de cederem terreno para os rebeldes do leste do país, entraram em choque na terça-feira com milícias aliadas delas que tentaram obrigá-las a ficar e a lutar depois de o chefe das Forças Armadas ter sido substituído.
O presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, demitiu, na noite de segunda-feira, o chefe do Estado-Maior, general Dieudonne Kayembe, em uma tentativa de reforçar o poder de fogo dos soldados que fogem dos bem armados rebeldes da etnia tutsi.
As forças do governo, retrocedendo frente ao avanço dos rebeldes em Kanyabayonga, no leste da Província de Kivu Norte, entraram em choque com aliados da milícia Pareco Mai-Mai, cujos comandantes pró-governo disseram que queriam ver os soldados fazendo frente aos rebeldes.
"Nós estamos detendo-os e tentando fazer com que voltem ao front. Essa é a obrigação deles. Não entendemos como podem fugir quando os rebeldes estão prestes a entrar em Kanyabayonga", afirmou à Reuters o general Sikuli Lafontaine, líder da Pareco Mai-Mai.
"Esses soldados são uns covardes. Eles apenas fogem e depois cometem estupros e saques nas cidades", acrescentou. Os moradores da área disseram ter visto corpos de soldados e de milicianos da Pareco Mai-Mai mortos.
Os comandantes do Exército regular não se manifestaram sobre esses fatos. Os soldados congoleses presentes na zona de guerra reclamaram do atraso de seus soldos e do fato de não confiarem em seus oficiais.
O conturbado conflito travado em Kirumba e Kayna, nas proximidades da margem do lago Edward, que, segundo testemunhas, envolveu o uso de metralhadoras e granadas lançadas por foguete, continuava a desenrolar-se apesar dos esforços diplomáticos para levar paz ao leste do Congo, onde semanas de enfrentamentos expulsaram 250 mil pessoas de suas casas.
O governo de Kabila e forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmam que o líder dos rebeldes tutsis, Laurent Nkunda, cujos homens iniciaram uma rebelião quatro anos atrás em Kivu Norte, não estão respeitando o cessar-fogo que o próprio Nkunda prometeu observar nas negociações realizadas durante o fim de semana com um representante da ONU.
Nkunda e seus comandantes acusam o Exército de realizar atos de "provocação".
Enquanto grupos de ajuda tentavam prestar assistência a centenas de milhares de refugiados em Kivu Norte, muitos deles com fome e doentes, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pedia ao Conselho de Segurança que reforce imediatamente as tropas de paz da entidade presentes no Congo.
Diplomatas lotados na ONU afirmaram na segunda-feira que o Conselho espera votar nesta semana uma resolução elaborada pela França prevendo o envio de mais 3.000 soldados e policiais para somarem-se aos 17 mil membros da força da ONU estacionada no Congo, que já é a maior do tipo em atividade no mundo hoje.
A força da ONU, conhecida como Monuc, viu-se criticada por grupos de ajuda e pelo governo congolês por não conseguir proteger os civis de ataques lançados pelos rebeldes e por soldados indisciplinados que matam, saqueiam e estupram enquanto retrocedem.
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