O Pentágono planeja potencializar sua espionagem contra alvos de prioridade alta como Irã, criando para isso uma nova agência. Batizado com o provocativo nome de Serviço Clandestino de Defesa, o órgão decorre de uma reorganização da inteligência militar aprovada na segunda semana de abril pelo Secretário de Defesa americano, Leon Panetta.
O Serviço vai trabalhar em conjunto com a CIA (Agência Central de Inteligência, na sigla em inglês), órgão civil que já possui uma divisão de espionagem, e deve ampliar a já crescente atuação em conjunto da agência e com as forças militares.
Segundo um oficial da Defesa, o plano de reorganização foi desenvolvido em resposta a um estudo secreto realizado pelo diretor de inteligência nacional que concluiu que os esforços de espionagem militar precisavam ser mais focados em alvos prioritários fora de zonas de guerra. O novo serviço vai tentar "fazer com que os oficiais estejam nos locais certos para cumprir tais demandas", disse o oficial em condição de anonimato.
O oficial não deu mais detalhes sobre as mudanças que irão ocorrer na inteligência militar. Entretanto, as prioridades atuais da inteligência dos Estados Unidos incluem contraterrorismo, não proliferação de armas nucleares e potências emergências como a China.
O realinhamento deve afetar centenas de militares que já trabalham em ações de espionagem no estrangeiro, sobretudo oficiais da Agência de Inteligência da Defesa (DIA, na sigla em inglês), que serve como a maior fonte de inteligência e análise do Pentágono. O quadro de pessoal deve aumentar em algumas centenas de funcionários.
Apesar do nome, o oficial desvalorizou as preocupações de que o Pentágono estaria tentando tomar as competências da CIA ou do Serviço Nacional Clandestino mantido pelo órgão. "(O Serviço Clandestino da Defesa) não envolve novas autoridades ou novo capital humano. (Trata-se de mudar a ênfase) em um momento em que nós buscamos sair das zonas de guerra e antecipar as exigências dos próximos anos", disse o oficial.
"As minhas questões são: por quê? O que está faltando e o que está acontecendo?", disse o auxiliar de um senador que recebeu algumas informações preliminares sobre o novo serviço.
O plano foi apresentado cerca de uma semana depois que um membro do Exército americano com grande experiência em operações especiais e de contra insurgência no Iraque e no Afeganistão foi nomeado como novo chefe da DIA. O lugar-tenente General Michael T. Flynn fez uma crítica áspera aos serviços de inteligência naquele país, apontando as falhas como focar muito em ameaças táticas ou compreender pouco o contexto demográfico e político alargado da zona de conflito.
Aproximadamente 15% dos oficiais da DIA vão fazer parte do Serviço Clandestino de Defesa. Novos e mais claros programas de carreira vão dar aos oficiais melhores oportunidades para continuarem os serviços de espionagem no estrangeiro. O Serviço se encaixa em um processo de convergência mais amplo. As Forças de Operações Especiais dos Estados Unidos estão cada vez mais envolvidas em obtenção de dados de inteligência em outros continentes, e colaboraram com a CIA em missões como o ataque que resultou na morte de Osama Bin Laden no Paquistão nas ações com aviões não tripulados no Iêmen. O esvanecimento das divisões também fica claro nos altos cargos das organizações. Panneta, o Secretário da Defesa, já foi diretor da CIA - um cargo ocupado anteriormente pelo general de quatro estrelas do Exército americano David H. Petraeus. Um arquiteto chave do Serviço Clandestino de Defesa é o subsecretário de Defesa para Inteligência, Michael Vickers, que já trabalhou na CIA.
Governo Lula cobra fatura de aliança com Lira nesta última semana do Legislativo
PF busca mais indícios contra Braga Netto para implicar Bolsonaro em suposto golpe
Não é só nos EUA: drones sobrevoam base da Força Aérea americana e empresas estratégicas na Alemanha
Juiz de Brasília condena Filipe Martins por suposto “gesto racista” em sessão do Senado