Ras Lanuf - Pânico. Em uma palavra, era este o sentimento que pulsava ontem entre os rebeldes líbios na frente de combate contra as forças do ditador Muamar Kadafi no leste do país, uma linha que recuou mais uma vez.
À noite, a cidade de Ras Lanuf, bastião mais ocidental da vasta área no leste do país ainda dominada pelos rebeldes, caiu ante as forças leais ao ditador da Líbia.
Acuados pelo poder de fogo claramente superior do rival, os rebeldes foram atacados por terra, ar e pela primeira vez também pelo mar. Nem o serviço médico escapou. O hospital da cidade portuária de Ras Lanuf foi atingido por foguetes e teve de ser evacuado. Duas ambulâncias escaparam por pouco de um ataque aéreo. Sob fogo cerrado, o clima entre os insurgentes era de desespero e perplexidade, com correrias desordenadas e disparos a esmo toda vez que um caça da aviação de Kadafi cruzava o céu.
Sem comando nem treinamento, os rebeldes oscilavam entre um impulso quase suicida de avançar a qualquer custo e a cautela de esperar por reforços que não vinham ou eram insuficientes. Discussões acaloradas pipocavam a todo momento.
A estratégica cidade petrolífera de Ras Lanuf foi duramente bombardeada durante horas antes de cair.
Nos últimos dias, os rebeldes perderam terreno e boa parte do ímpeto que mostravam há uma semana, quando ultrapassaram Ras Lanuf e estavam certos de que o caminho estava aberto para Sirte, cidade natal de Kadafi.
Após esvaziar Ras Lanuf, a ofensiva do regime continuava a fazer avanços no leste do país, território dominado pela oposição desde que o levante contra o ditador líbio teve início, há três semanas. Bombardeios aéreos atingiram na noite de Brega, outro importante polo petrolífero, a 80 km de Ras Lanuf.