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Uma cidade majoritariamente muçulmana no oeste da Índia sepultava os seus mortos neste sábado, enquanto forças de segurança patrulhavam as ruas para evitar protestos religiosos, um dia depois de explosões terem matado 32 pessoas e ferido dezenas.

Segundo a polícia, Malegaon, um centro têxtil no estado de Maharashtra com uma história de rivalidade entre hindus e muçulmanos, estava calma depois da série de explosões. Muitas lojas se encontravam abertas, e ônibus, carros e motos enchiam as ruas estreitas.

- A vida tem de continuar, apesar de que para algumas pessoas a vida mudou para sempre depois de ontem - disse Syed Ahmed Asghar, que trabalha na indústria têxtil. - Temos de trabalhar para poder viver.

A cidade de cerca de 700 mil habitantes foi atingida por três explosões, quase simultâneas, quando milhares se aglomeravam dentro de uma mesquita. Uma das bombas explodiu dentro do jardim da mesquita, a outra, do lado de fora do portão, e a terceira, num quarteirão próximo. A maioria das vítimas eram fiéis muçulmanos.

Horas depois, o ministro do Interior, Shivraj Patil, declarou em Nova Délhi que a natureza do ataque, ocorrido no "Shab-e-Barat", dia em que os muçulmanos rezam pelos seus mortos, mostrava que a ação se tratava de um trabalho de "terroristas".

A polícia afirmou que 29 dos 32 corpos já foram reconhecidos por parentes. Médicos disseram que cerca de cem feridos seguem em tratamento. Muitos estão em estado grave.

CRIANÇAS MORTAS

Mohammed Arif levara o seu filho de 8 anos para a mesquita para orar. Horas depois, ele retornava para o cemitério do local, desta vez para sepultar o seu menino, morto em uma das explosões.

- Eu estava lá, apenas um pouco atrás dele, quando deixávamos a mesquita. Ele simplesmente caiu com o estrondo - contou Arif, em lágrimas. - Nós o levamos para o hospital, mas já era tarde.

Bicicletas retorcidas, roupas cheias de sangue e sandálias em pedaços podem ser vistas ao redor da mesquita de 50 anos. As explosões arrancaram pedaços de concreto do templo, e há manchas de sangue pela construção. A polícia e moradores suspeitam que as bombas foram colocadas em latas de metal ou lancheiras.

No sábado, parentes das vítimas expressaram a sua indignação e se recusaram a aceitar a compensação oferecida por dois ministros do governo federal, entre eles o do Interior, Shivraj Patil.

- Não queremos dinheiro, queremos justiça - gritou Shafique Ahmed, que perdeu um filho, para os dois líderes.

As explosões ocorreram dias depois de o premiê indiano, Manmohan Singh, afirmar que agências de inteligência alertaram sobre a possibilidade de ataques terroristas no país, possivelmente contra alvos econômicos, religiosos e também instalações nucleares.

Há dois meses, explosões em trens em Mumbai, 260 km ao sul de Malegaon, mataram 186 pessoas.

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