O homem responsável pela tomada de uma escola na cidade russa de Beslan afirmou nesta terça-feira que um erro das forças especiais russas havia aberto uma brecha pela qual seu grupo entrou na região e realizou o ataque, ocorrido quase um ano atrás e no qual foram mortas 330 pessoas.
Shamil Basayev, o homem mais procurado pelas autoridades da Rússia, divulgou um comunicado pelo site separatista dias antes de a violenta ação completar um ano e em um momento no qual as autoridades russas vêem-se criticadas por não conseguir esclarecer o episódio.
Segundo Basayev, um agente dos serviços especiais foi enviado disfarçado para falar com os rebeldes e tentar convencê-los a planejar um ataque em Vladikavkaz, capital da região da Ossétia do Norte, área que faz fronteira com a Chechênia.
O agente, porém, foi descoberto e os rebeldes elaboraram um plano alternativo.
Foi então fácil entrar na região, já que os serviços de segurança acreditavam que conseguiriam capturar os separatistas a caminho de Vladikavkaz, disse Basayev. Mas os rebeldes foram para Beslan.
- A partir de 31 de agosto, eles abriram uma via para nós e nós a utilizamos para chegar a Beslan, mudando o momento e o alvo do ataque - afirmou Basayev, que confessa ser um terrorista.
Nenhum representante do governo russo foi encontrado para comentar a afirmação.
No dia 1º de setembro, quando geralmente começa o ano letivo na Rússia, os rebeldes fizeram mais de mil pais e crianças reféns no ginásio de uma escola e os mantiveram ali por dois dias.
A maior parte das 330 pessoas mortas perderam a vida durante a caótica operação lançada pelas forças russas para libertar os reféns. Metade das vítimas era crianças.
Parentes dos mortos acusaram as autoridades de não ter investigado a tragédia de forma adequada e exigem que as forças de segurança sejam responsabilizadas por sua atuação na tragédia.
Uma comissão parlamentar ainda tem de publicar as conclusões de um inquérito que está conduzindo sobre o caso. Jornais russos afirmam que autoridades do governo russo, entre elas o presidente Vladimir Putin, estão descontentes com o progresso das investigações.